2023: a novidade e a herança de um mundo que já se sabe há muito ser incerto

14/12/2022

“Olhar o mundo: tendências 2022, perspetivas 2023” foi o tema proposto pelo Alumni Learning Program, na reta final do ano. A convidada foi a Professora e Investigadora Ana Isabel Xavier, que apresentou sua uma visão sobre as expetativas acerca da ordem mundial e da arquitetura de segurança internacional. A sessão realizou-se a 14 de dezembro de 2022, em formato online.

Em cima da mesa estiveram variáveis de caráter: demográfico, (com o marco atingido em novembro passado de 8 mil milhões de habitantes no planeta); de sustentabilidade ambiental, energética e económica; e geopolítico.

A invasão da Ucrânia pela Federação Russa a 24 de fevereiro de 2022 é um fator incontornável nesta discussão, “em que o mundo voltou a olhar para a Europa como palco principal de contestação geográfica e no regresso dos EUA à relação transatlântica de forma ativa e construtiva, mas também de contenção da ameaça chinesa em termos de tecnologia, comércio e segurança”.

Em retrospetiva, 2021 foi dominado por 3 C’s: China, Clima e Covid e antevia-se a preocupação com 10 conflitos mundiais. A Ucrânia encontrava-se no topo das preocupações do Crisis Group criado a este respeito. Entrou-se em 2022, destacaram-se 3 R’s: Rússia, reconfiguração com a política externa de Biden e a retoma económica europeia face à crise pandémica. No final de 2022, concluiu-se a demora nesse processo, preconizando-se desigualdade, “disfunção perante o declínio global e tribalização interna nos EUA” e disputa “na reconfiguração e reequilíbrio no sistema internacional em que os rivais de Washington jogam com a disfunção e o declínio global americano”.   Hoje estima-se alguns impactos que Ana Isabel Xavier sintetizou em tópicos capitais como: “a insegurança alimentar, a desigualdade na saúde política, os ataques cibernéticos, as campanhas de desinformação, a interferência eleitoral, a coerção económica, a instrumentalização de migrantes e as guerras por procuração”… num mundo em que o Estado recuperou um papel que se considerava há pouco obsoleto, na dinâmica internacional.

Depois da exposição da oradora, o debate estendeu-se aos participantes da AESE que viram as suas questões respondidas numa lógica de antecipação das decisões que dirigentes e cidadãos terão de gerir em 2023.