"Empresas e Líderes dispostos a serem pioneiros” - AESE Business School - Formação de Executivos

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Empresas e Líderes dispostos a serem pioneiros

26/10/2023

A Entrega dos Prémios para as Melhores Empresas para Trabalhar em 2023 foi antecedida por uma conferência que reuniu representantes de várias empresas empenhadas no desenho do “Futuro do Trabalho”.


No dia 26 de outubro de 2023, a AESE recebeu esta iniciativa da Exame, em parceria com a Manpower Group, a fim de promover o debate e a reflexão sobre os novos desafios que se propõem às trajetórias profissionais e ao bem-estar de líderes, dirigentes e executivos. Tiago Freire, Diretor da Exame, deu as boas-vindas aos participantes e contextualizou a discussão, sublinhando a relevância da “empatia”, “em tempos tão estranhos e agressivos”.


Rui Teixeira, da Manpower Group, colocou a tónica da sua intervenção em arranjar as melhores soluções para o tema da conciliação Trabalho e Família, e da Saúde Mental, matérias que “estão finalmente na ordem do dia.”


A coexistência entre 4 gerações de profissionais também deve ser atendida, tal como a preocupação de “equilibrar as Boas Práticas internas com os objetivos de negócio.”


Os novos desafios de liderança foram trabalhados num painel com Anna Lenz, CEO da Nestlé Portugal, Maria de Fátima Carioca, Dean da AESE Business School, e Margarita Álvarez, Diretora do Human Age Institute da ManpowerGroup. Seguiu-se a disrupção da tecnologia, por Pedro Amorim, da Experis Portugal.



O Trabalho, em estudo

A Prof. Maria de Fátima Carioca, Dean da AESE, fez a análise dos dados recolhidos pelas empresas candidatas à iniciativa de Melhores Empresas para Trabalhar. Atualmente na 23.ª edição do concurso, é possível registar-se mudanças significativas aos longo dos anos, nas Boas Práticas corporativas de “bem gerir” as Pessoas. À parte as questões semânticas de “funcionários” passarem a designar-se por “pessoas” e os “chefes” por “líderes”, “estudar o que implica ser uma boa empresa para trabalhar sustentavelmente significa analisar tendências com base em anos consecutivos de dados.” “Como será o futuro do trabalho?” é a grande questão que se coloca.


“Em 2021, depois da pandemia em 2020, este estudo realizado pela AESE Business School no âmbito das Melhores Empresas para Trabalhar (MEPT), mostrava uma panorâmica, em muitos aspetos, disruptiva já que diferente de todas as anteriores edições. E por várias razões: desde logo devido ao modelo de análise da Manpower, mas também pelas gerações que responderam e ao contexto pandémico que ainda se vivia.


Na realidade, sobretudo, porque o conjunto de colaboradores respondentes, pela primeira vez, nesse ano, pertenciam maioritariamente (60%) a gerações mais jovens, em concreto, às gerações Y (Millennials) e Z. E tal facto é relevante, não apenas pela novidade em si mesma, mas, alem disso, para os 60% de colaboradores que estavam na empresa há menos de 5 anos, era mais difícil que a experiência de organização fosse fortemente vinculativa.


Em 2021, para as empresas e a AESE, era certo de que este cenário não era transitório, tinha vindo para ficar. Restava apenas a dúvida: o que permaneceria e o que era fruto do contexto em que nos encontrávamos?


Em 2022, face ao ano anterior, a grande conclusão é que a maioria das conclusões que tínhamos visto em 2021, tinham vindo para ficar. Contudo existia um conjunto de sinais diferentes sobre os quais considerámos valer a pena refletir. Entre eles, analisámos a satisfação no trabalho.


Este ano, em 2023, o cenário geopolítico mudou de novo, o contexto económico agravou-se e a perplexidade continua e as interrogações também. No ano passado terminei a apresentação citando um filosofo espanhol com a ideia de que “o caminho se faz caminhando”. E essa continua a ser uma grande conclusão.”



O que dizem os números

“O colaborador padrão deste estudo tem “praticamente 38 anos, 7 anos de empresa, formação superior (licenciatura ou mestrado), um vinculo laboral estável, funções de gestão operacional (45%), sem equipa a seu cargo (60%) ou com uma reduzida equipa de até 10 elementos. (29%). Este dado é muito significativo: mesmo ocupando funções de gestão operacional a grande maioria não tem pessoas a cargo, e remete-nos para uma interrogação: até que ponto esta individualização das funções é já consequência da chamada gig economy?”


“Cruzando com os dados do ano anterior e a evolução do modelo de trabalho, percebe-se, contudo, que os trabalhadores solitários diminuíram (de 70 para 60%) e as equipas aumentaram (de 23 para 29%). Pela prestação do seu trabalho aufere um salário mensal que se mantém entre os 1000 e os 1500 euros.”


Os dados analisados resultaram da resposta a 80 questões, “que contribuíam para 20 critérios que caracterizavam 5 dimensões: o Ambiente de trabalho, a Empresa, a Liderança, o Talento e a Pessoa.


A 1.ª conclusão consiste no facto dos “colaboradores mais novos, que pertencem à geração Z e à geração Millennial em média e tudo o resto constante, estão menos satisfeitos com o trabalho que os colaboradores mais seniores (GenX e maiores de 55).


Este dado foi também uma das conclusões dos anos anteriores e é surpreendente que se mantenha.”


“Na realidade, em 2021 era expectável, muitos destes jovens começaram a sua trajetória profissional confinados às suas casas, e esse facto tem consequências profundas.” “Há um processo de crescimento e amadurecimento que é salutar e desejável que aconteça. Para além disso, este período da vida dos jovens profissionais é também crítico por coincidir habitualmente com a descoberta pessoal do que os motiva e realiza no mundo do trabalho.


Em 2022 e 2023, a repetição desta tendência, é de per si surpreendente. Há algo que está a faltar que faz com que a vinculação da geração Z às empresas ainda não está resolvida. Pergunto mesmo se algum dia se resolverá ou se a nova normalidade nos leva a trabalhar e a gerir colaboradores com uma vinculação mais líquida.”


“A segunda conclusão prende-se com “o Propósito e Missão da Empresa, os seus valores, as oportunidades de desenvolvimento e de contribuição pessoal, seja em equipa seja autonomamente”. Estes vetores “são determinantes para a satisfação com a empresa nestas gerações.”


“Concluindo, o estudo reforça o que todos vivenciamos: encontramo-nos claramente num momento de mudança geracional e de contexto.


Há um futuro que aguarda ser construído. E, por parte das gerações mais nova, a impaciência para viver no presente esse futuro é grande. Mais do que nunca, as novas gerações exigem de cada líder que eles próprios se transformem e deem o seu melhor. E todos anseiam que a transformação nas empresas e na sociedade se realize para bem de todos, sem exceção.


Hoje estamos a percorrer um caminho nunca trilhado que nos exige, para além da capacidade estratégica, da inteligência adaptativa, da eficiência e dos bons resultados que são todos imprescindíveis para a sustentabilidade da organização, exige-nos também criatividade e audácia para nos aventurarmos por novos temas, novos modelos, novas configurações organizacionais. Exige empresas e líderes dispostos a serem pioneiros.”


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