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O futuro da Europa assenta nos seus valores ideológicos
15/10/2019, Lisboa
“Só podemos perspetivar o futuro quando percebemos o passado”. Assim pensa o jornalista e historiador, Henrique Monteiro, orador convidado a pensar sobre “A Europa e o futuro”, no encontro dos Alumni AESE, no dia 15 de outubro de 2019.
O orador revisitou a história da Europa e partilhou a sua visão da evolução deste espaço comum geográfico e ideológico. Neste encontro, 3 curadores, representantes dos antigos alunos da AESE, tiveram a responsabilidade de gerir as mais de 70 perguntas levantadas pela audiência. Manuela Silva (Provedora de Ética da EDP e Alumna do PADE) interpelou Henrique Monteiro no sentido de abordar o tema sob a perspetiva ética e social. Coube ao Prof. Jorge Ribeirinho Machado (Alumnus do Executive MBA AESE) fazer com que a discussão incidisse sobre o ponto de vista da economia e da sustentabilidade, perguntando sobre a manutenção do papel da Europa no xadrez global, ou se se incorre no risco de perda de relevância face aos EUA e à China. Por fim, Rui Freire (Alumnus do Executive MBA AESE) conduziu a reflexão para o campo da tecnologia e dos negócios, focando o tema do RGPD.
Para Henrique Monteiro, a Europa é um conceito, mais do que um espaço geográfico, que partilha de um conjunto de valores incontornáveis. Os princípios basilares que sustentam a unificação desde a génese da Europa assentam: na estética, ética e filosofia; na jurisprudência; na profissão de uma religião oficial; e na progressividade escatológica da tradição judaica cristã versus a circularidade hindo-asiática.
Hoje, “chegámos a uma encruzilhada, que deriva da falta de cimento” que sirva de ligação entre os países com todas as suas particularidades culturais. “Estamos a perder valores, em nome de um relativismo que proclama a igualdade de todas as tradições e experiências”, sendo que nem todas têm a mesma relevância. “Esta tendência vem em crescendo desde a perda do referencial cultural da Europa, com “a morte de Deus”, e o fim da transcendência”, com a ascensão de um “antropocentrismo em que o homem tudo pode”.
Na Europa oscila-se entre o global e os nacionalismos, vive-se uma crise na verdadeira representatividade europeia, assim como uma “falta de mobilidade social”, com a predominância de “um medo terrível de falhar”.
Henrique Monteiro encara o desequilíbrio sentido na Europa como algo normal, “e é natural que se caminhe para um novo equilíbrio inevitável, desde que saibamos respeitar os nossos valores ideológicos.”
O início de uma nova tradição
O encontro dos Alumni AESE pretende ser, como referiu António Pita de Abreu, Presidente do Agrupamento, uma iniciativa que marca a abertura oficial do ano letivo na AESE.
Rui Freire, na qualidade de membro da comissão do Agrupamento de Alumni AESE, deu uma nota sobre a sua vivência pessoal na AESE e elencou as vantagens que os membros encontram nesta comunidade. Desde as formações de âmbito profissional às de natureza doutrinal, passando pelas atividades desportivas e a rede de contactos, Rui Freire reforçou o fator diferenciador que a qualidade do conhecimento adquirido tem no mundo dos negócios.
39 anos de história e o futuro pela frente
A Professora Maria de Fátima Carioca, aproveitando o repto do encontro sobre “A Europa e o futuro”, sublinhou o papel ativo que cada dirigente e executivo tem no execício das suas funções na construção do amanhã.
A Dean da AESE deixou ainda uma mensagem, a respeito de ser o ano em que a AESE comemora o 39.º aniversário, “olhamos estes 39 anos como uma vida que marcou e continua a marcar a vida de muitas pessoas, dos Alumni, dos atuais participantes, nos nossos professores e colaboradores, de empresário e empresas, de escolas e de instituiçoes parceiras. Somos a memória do passado e o sonho do futuro, sabendo que ambos se encontram no presente. Por isso, assumimos a responsabilidade de viver o presente, dia a dia, com a intensidade para manter viva a própria identidade, ao mesmo tempo que debatemos e abraçamos o futuro com esperança.