Todos nós somos empreendedores, embora muitas vezes não demos conta disso. Desde pequenos que arriscamos fazer coisas novas. Uns arriscam mais do que outros. E muitas das coisas correm bem, outras nem tanto. Mas, empreender é isso mesmo: é seguir um caminho que pode terminar em nada, pode até terminar mal, mas pode também ser a razão, a maneira de viver e de ser.
Envolto num contexto de turbulência e incerteza, o mundo continua a girar e a mudar. Neste contexto, e para além de outras características igualmente determinantes, é imprescindível desenvolver, ao longo de toda a vida, uma mentalidade empreendedora para, face ao ambiente, local ou global, enfrentar os desafios com inteligência, ambição, audácia e otimismo. Esta mentalidade empreendedora – atitudes e comportamentos que resumem a forma como os empresários tendem a pensar e a agir – permite identificar e capitalizar oportunidades, mudar de rumo quando necessário e encarar os insucessos, pessoais, profissionais ou empresariais, como uma oportunidade para aprender e melhorar.
O empreendedorismo na ótica profissional e de criação de novos negócios passa fundamentalmente por pensarmos numa causa, numa ideia ou num novo projeto, despertar a vontade de concretizar, encontrar os recursos certos, incluindo os financeiros, realizar testes que nos digam se a opção que tomámos é a mais correta e seguir em frente, determinados a implementar o projeto, com coragem e resiliência. O propósito será sempre, fazer diferente, fazer melhor todos os dias, em busca de um mundo melhor, de melhor servir os outros, muitas vezes os clientes e todos os stakeholders, ou ainda, com frequência, em busca de uma vida melhor. Vendo bem, não é muito diferente de outras iniciativas que tomamos quotidianamente.
Inovar e empreender, hoje, já não é uma moda ou uma atividade complementar…é uma necessidade crítica de diferenciação e de competitividade, aplicando-se na vida pessoal, a nível das empresas e, sem qualquer dúvida, a nível nacional! Daí a urgência de criar culturas de iniciativa empreendedora para os jovens lançarem as suas aventuras empresariais (entrepreneurship) e/ou desenvolverem iniciativas empreendedoras dentro das organizações onde estão (intrapreneurship). Culturas onde o pensamento crítico, a criatividade e a capacidade de gerar novas ideias sejam estimulados, simplesmente porque são estas características que fazem acontecer as mudanças disruptivas, criar negócios e acelerar o crescimento das empresas.
Existem várias formas de inovar e de criar culturas de empreendedorismo dentro e fora das organizações. Por um lado, endógenas partindo de uma lógica de despertar e inspirar as suas pessoas a pensar e trabalhar segundo uma lógica inovadora, questionando e propondo soluções estruturadas de melhoria contínua em produtos e processos. Por outro lado, exógenas colaborando com o ecossistema empresarial a nível global e trabalhando em parceria com outras empresas ou instituições que tragam, de forma rápida e eficiente, soluções inovadoras.
Seja como for, a exigência dos mercados e clientes, a forte concorrência que se vive em todos os setores de atividade e a crescente regulação, obrigam as empresas a uma constante mudança, a novas regras e a uma alteração, por vezes radical, dos seus modelos de negócio. E, nesse sentido, são necessários líderes que pensem, sintam e dominem todos os temas relacionados com a inovação e a sua gestão, no sentido de melhor aproveitarem a potencialidade das suas equipas, do contexto e da tecnologia disponível, que diariamente revoluciona o negócio e a experiência de cliente.
Na AESE, como Business School, fundada por empresários há mais de 40 anos, a liderança e o empreendedorismo estão no nosso ADN. Há muito que, no nosso Executive MBA temos uma área de empreendedorismo e acesso a mentores experientes que tem trazido ao mercado algumas startups, com provas dadas nas suas indústrias. Ser empreendedor é ter um mindset, uma atitude, uma maneira de pensar próprias, mas sobretudo é estar disponível para empreender, para a ação. Isso ensinamos. Isso aprendem e vivem os nossos participantes; assim como sabem que todo o líder pode, e deve, ser um empreendedor, esteja ele numa pequena ou numa grande empresa, numa empresa familiar, numa empresa cotada em bolsa ou numa multinacional.
Mas acreditamos que, atualmente, para preparar líderes disruptivos e ousados é necessário mais. O papel de uma Business School na preparação de líderes empreendedores é multifacetado e envolve não apenas a transmissão de conhecimento, mas também o fornecimento de oportunidades práticas e uma cultura que estimula a inovação e encoraja a iniciativa empresarial. Empreender pode, muitas vezes, ser um caminho solitário e árduo. Fazê-lo acompanhado e saber-se apoiado, ameniza muitos desses momentos e acelera o ritmo do caminhar.
Assim, dando novamente o exemplo da AESE, desenvolvemos um ecossistema baseado numa abordagem abrangente – abordagem 360º. Trata-se de um ecossistema completo que reúne professores da AESE, do IESE e de outras escolas associadas, empresários e aspirantes a empresários, investidores e outros líderes empresariais. Disponibilizamos a mentoria, as redes de parceria, o acesso ao financiamento e complementamos com investigação. Tudo ingredientes necessários para dar vida aos sonhos empresariais!
Sobretudo, procuramos criar um ambiente e uma mentalidade mais inclusiva para as startups conviverem e trabalharem em conjunto com empresas já estabelecidas, certos de que desta convivência colaborativa nascem novas ideias e novas soluções são cocriadas, numa relação gratificante para todos. Para entender melhor a experiência de ter uma startup como parceiro de negócio, nada como emergir no WebSummit por estes dias, ou participar, no próximo dia 23, no Executive Breakfast da AESE sobre Open Innovation, com o Prof. Francisco Carvalho e Manuel Tânger, Cofundador & Head of Future da Beta-i.
O Mundo, Portugal e as nossas empresas necessitam, mais do que nunca, de líderes empreendedores. Hoje estamos a percorrer um caminho nunca trilhado que nos exige, para além da capacidade estratégica, da inteligência adaptativa, da eficiência e dos bons resultados que são todos imprescindíveis para a sustentabilidade da organização, criatividade e audácia para nos aventurarmos por novos temas, novos modelos, novas configurações organizacionais. Exige empresas e líderes dispostos a serem pioneiros, os únicos capazes de não se limitarem a percorrer caminhos já conhecidos, mas ousarem, parafraseando Waldo Emerson, “seguir por onde não há caminho e deixar rasto”.
Publicado no Deans’ Corner do Jornal de Negócios
Os ecossistemas empresariais – 3 exemplos a seguir
José Ramalho Fontes
Presidente da AESE Business School e Professor de Operações, Tecnologia e Inovação
Apostar nos mercados verdes também dá dinheiro
Bruno Proença
Director for Sustainability and ESG at JLM&A | Senior Teaching Fellow at AESE Business School
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