Nas áreas tecnológicas espera-se que 2024 seja o grande ano de adoção massiva de aplicações de Inteligência Artificial (IA), onde muitas funcionalidades já são conhecidas, mas muitas novas surgirão e serão surpreendentes. Adicionalmente, será um ano em que estes desenvolvimentos tecnológicos terão de assegurar o cumprimento de regulamentação europeia específica.
As funcionalidades disponibilizadas nos últimos tempos em todos os eixos tecnológicos desde a criatividade, grafismo, suporte administrativo, recolha estruturada de informação, programação e mecanismos de prevenção a ciberataques, entre outros, serão cada vez mais incorporadas no dia a dia tanto a nível pessoal como corporativo.
A existência destes componentes será também um motivo catalisador para a revisão por parte das organizações dos seus processos internos, com o objetivo de atingir uma maior eficiência, execução mais rápida de diversas atividades e capacidade de acesso a informação mais personalizada.
Com a introdução de capacidades avançadas de IA, as empresas poderão redirecionar o capital humano para tarefas de valor acrescentado e até repensar estrategicamente a criação de novos produtos e serviços.
Seguramente, ao longo de 2024, surgirão melhorias aos produtos atualmente conhecidos, mas também surgirão outros que ainda não foram desenvolvidos e muito provavelmente ainda nem foram pensados. Esta é uma tendência clara dos ciclos cada vez mais curtos de ideação, desenvolvimento e disponibilização.
Por outro lado, a par deste desenvolvimento rápido e adesão massiva, 2024 será marcado também pela adoção do Regulamento de Inteligência Artificial. Sendo pioneiro no mundo, resultou de um acordo alcançado em dezembro de 2023 entre o Conselho e o Parlamento europeus que tem como objetivo garantir que os direitos fundamentais e os valores da UE são respeitados e que os sistemas de IA colocados e disponibilizados no mercado europeu são seguros.
Desde a publicação em 2018 da “Estratégia Europeia para a Inteligência Artificial” que a abordagem europeia tem desenvolvido vários esforços focados na criação de regras para uma IA fiável, reforçada pela declaração expressiva da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen “A Inteligência Artificial já afeta as nossas vidas e estamos apenas no início. Utilizada de forma sensata e generalizada, a IA promete enormes benefícios para a nossa economia e sociedade.”
A comissão lançará um Pacto para a IA, para assegurar um período transitório, contando com o compromisso voluntário de aplicabilidade das principais obrigações do Regulamento de IA por parte de criadores de IA da Europa e de todo o mundo. Neste planeamento, prevê-se a completa aplicabilidade destas regras até dois anos após entrada em vigor, com metas intermédias para introdução de disposições específicas para o primeiro semestre e outras para o final do ano de 2024.
Neste mesmo sentido, também já existem algumas empresas no mercado a declarar publicamente as suas políticas de IA responsável, incluindo temas como transparência de processos de decisão, gestão de dados e respetivo controlo.
Em resumo, 2024 vai trazer uma fiscalização da aplicação das novas regras europeias sobre a Inteligência Artificial, ao mesmo tempo que existirá um dinamismo permanente com novas funcionalidades a serem disponibilizadas e adotadas em grande escala.
2024, o mundo está perigoso e a economia também
Bruno Proença
Professor da Área de Política de Empresa da AESE Business School
2024: a perspectiva das curvas invertidas
Diogo Ribeiro Santos
Professor da Área Académica Economia, Finanças, Controlo e Contabilidade da AESE Business School
Não temos trabalhadores, mas pessoas que trabalham connosco
Cátia Sá Guerreiro
Professora da Área Académica de Fator Humano na Organização e Ética da AESE Business School