25/01/2024
Francisco Almada Lobo, CEO da Critical Manufacturing, foi convidado pelo Agrupamento de Alumni da AESE para ser o orador convidado na sessão sobre “Indústria 4.0: Transformar o presente, moldar o futuro”. O palco foi dividido com António Pires, Portugal Industry X Lead, da accenture Portugal. Os participantes puderam participar na sessão dos Alumni Learning Program (ALP) presencialmente, nas instalações da accenture no Porto, e em formato online, a 25 de janeiro de 2024.
Fátima Carioca, Dean da AESE, inaugurou a 1.ª sessão do programa de ALP, integrada numa série de conferências que versarão sobre Inteligência Artificial. Helena Minhava, CCO da AON, apresentou os conferencistas e enquadrou o tema em debate pela importância de se “conhecer o que o futuro nos reserva”.
Industrialização Inteligente
Francisco Almada Lobo ganhou gosto pela evolução destes tópicos que impactam a área industrial e não industrial.
A Transformação 4.0 é um modelo que ainda não existe e de difícil predição. Será “uma profecia auto-realizada”, quando todas empresas avançarem no sentido de aplicar os parâmetros da smart manufacturing.
Segundo o CEO da Critical Manufacturing a 4.ª revolução industrial começa em 2013, na Alemanha, “uma das indústrias manufatureiras mais competitivas”. “A Indústria 4.0 permite que os requisitos dos consumidores individuais sejam correspondidos e que itens únicos possam ser produzidos de foram lucrativa”, com base na Internet das Coisas (IoT). Este facto permitirá à Alemanha aumentar a sua competitividade a nível global e preservar a sua indústria manufatureira.”
Por smart product e smart production systems entendem-se um dispositivo capaz de compaginar inteligência, acessar um conjunto de informação ambiente, estar conectado à internet e adaptar “o seu comportamento perante estímulos externos”. O diálogo entre os produtos e as máquinas é que se espera numa fábrica inteligente. “Shopfloor market place” visa a otimização dos recursos e o aumento da eficiência da operação, numa lógica de pergunta-resposta. Também a cadeia de abastecimento terá de se reorganizar, controlado por uma supply chain control tower. Nesta sequência o produto é responsável ao longo das várias fases do processo.
Os smart services permite “aproveitar toda a tecnologia instalada no produto a continuar a abrir novos modelos de negócio, sendo que se imagina que aqueles que irão criar mais valor são os ligados à saúde. Através desta personalização vamos conseguir deixar de fazer os nossos medicamentos e vamos passar a fazer produtos mais específicos para os nossos próprios problemas.”
Estamos no momento de aplicabilidade de muitas tecnologias em simultâneo. De Big Data a Realidade Aumentada, a Indústria 4.0 pode referir-se ainda a: robótica avançada, a simulações, a integração, a IoT, a Inteligência Artificial (AI), a Cibersegurança, a Cloud Computing e a Additive Manufacturing. O trabalho de consultaria é muito fértil nesta área. Na verdade Francisco Almada Lobo entende que a Tecnologia está a descer na pirâmide de necessidades de Maslow.
O convidado argumentou o motivo de haver uma margem de erro com a utilização de AI: o ser humano tem “uma informação contextual, um conhecimento e um domínio que é infinitamente superior aquilo que um algoritmo automático é capaz de fazer.” Portanto, só a combinação de ambos criará valor no futuro. A criação de novos empregos com a 4.ª revolução industrial acontecerá. Serão promovidas as variáveis de inteligência social, percepção e manipulação, e criatividade.
Na produção a componente humana tem sido destacada como elemento de flexibilidade. O paradoxo da automatização explica que “a infusão de inteligência artificial, robótica e Big Data no local de trabalho está a elevar a procura da ingenuidade das pessoas, a fim de reinventar ou solucionar rapidamente problemas, em modo de emergência”. “Há muito mais empregos a serem criados do que retirados”.
O orador concluiu a sua apresentação alegando que “a Indústria 5.0 não existe. É uma invenção da EU, na tentativa de colocar no centro da atenção um programa político que não tem nada que ver com a revolução”.
Urge definir uma estratégia na área tecnológica
“Existe um grande desnível de aplicação das tecnologias” nas empresas que o World Economic Forum considerou serem farol. Há indústrias mais sofisticadas que precisam mais de ter acesso a estas tecnologias.” António Pires aponta para este grande desequilíbrio, tal como para “o fosso entre as empresas que estão a conseguir aplicar as tecnologias e vão conseguir alguns avanços e as outras que não. O problema é que para atingir uma revolução industrial não basta que se apliquem determinados tipos de tecnologias só a um conjunto de empresas. É preciso que afete o tecido empresarial como um todo. E isso está longe de acontecer.” A dificuldade é estratégica. Se não houver uma estratégia para a aplicação de tecnologia, se não houver um rumo, nós não vamos conseguir fazer praticamente nada. Porque sem essa estratégia não saberemos quais são as áreas onde é realmente necessário investir e dar pequenos passos, que são muitas vezes insignificantes, com muito poucos resultados.”
O Portugal Industry X Lead, da accenture Portugal, identifica alguns “problemas crónicos” em Portugal: “a dimensão das empresas – as empresas são muito pequenas, com pouca capacidade de investimento; e PME’s que estão muito confortáveis com a dimensão que têm; temos pouca capacidade de clusters – poucas empresas do mesmo tipo para se poderem agrupar, desafiar e trabalhar em conjunto, numa determinada direção. (Os exemplos são muito poucos); e temos pessoas que estão na gestão das empresas, que só com uma mudança e a chegada de uma nova geração, vão conseguir compreender estas áreas e o investimento estratégico em bens intangíveis.”
António Pires considera o setor industrial “muito conservador” e defende que haveria vantagem a aprender com a experiência de outros setores.
A sessão de ALP terminou com um momento de perguntas colocadas aos oradores pela audiência.
Próximas sessões do Alumni Learning Program.