Notícias > Em parceria com o Fórum para a Competitividade
Escala, capital e conhecimento: um roteiro para um Portugal de futuro
29/10/2024
Entre os vários temas e intervenções do debate anual sobre o Orçamento do Estado, realizado pelo Forum para a Competitividade (FpC) em parceria com a AESE Business School, houve uma tónica dominante centrada nos desafios de escala, capital e conhecimento, por via da necessidade de fixar os talentos, em Portugal.
Num dos painéis de discussão, intitulado “O OE 2025: um instrumento de política económica potenciador do crescimento económico?”, com moderação de Cecília Meireles, vogal do Conselho Diretivo do FpC, o diretor geral da Correos Express Portugal e professor da AESE Business School, António Manuel Vaz, explicou que “a escala conta para fazer os investimentos necessários”. “Efetivamente, em Portugal, somos inimigos das grandes empresas, mas essas empresas são as que apoiam as outras que gravitam a também crescer”, afirmou.
Para Luís Todo Bom, vogal do Conselho Diretivo do FpC, o crescimento saudável pressupõe “capital e conhecimento”. “Não temos capital, temos de captar do estrangeiro, mas não é estruturante. E os nossos melhores alunos vão todos embora”. “Este OE é igual aos outros, é assistencialista”, prosseguiu, dizendo ainda que “não é apoiado pela exportação e investimento”.
O diretor do Gabinete de Estudos do FpC, Pedro Braz Teixeira, alinhou no mesmo discurso, mas centrado o debate na questão do Investimento Direto Estrangeiro (IDE). “Países como a Irlanda crescem com IDE. De setores com uma parte mais deslocalizada, podíamos e devíamos captar mais IDE e essa é uma razão para diminuir o IRC”. Além disso, “podia ser um travão à emigração”.
Ricardo Pires, enquanto representante da Associação Business Roundtable Portugal e CEO da Semapa, falou nos unicórnios portugueses que preferem ir para fora do que ficar no país, não só por uma questão de escala, mas também pela situação fiscal. Na intervenção, também nomeou a necessidade de “transformar pequenas empresas em médias e empresas médias em grandes para catapultar Portugal”. “É urgente libertar a economia”, referindo-se à lentidão de processos de licenciamento para introduzir novos produtos no mercado e abrir instalações para modernizar a oferta das empresas.
O futuro da Europa
Na conferência “Que futuro para o bloco europeu?”, o economista António Nogueira Leite, que é também vice-presidente do Conselho Diretivo do FpC, centrou-se na importância da geopolítica, desde a invasão da Ucrânia pela Rússia à questão de Taiwan, que se encontra na área primordial para os EUA, a região do Pacífico. “Quanto à China, tem problemas próprios porque o crescimento não despareceu, mas desceu. O IDE voltou a níveis de 30 anos. Se Trump colocar tarifas de 60% sobre a China, isso terá impactos. Harris também vai colocar tarifas”, exemplificou.
Para António Nogueira Leite, “vivemos uma globalização diferentes daquela que conhecíamos” com o bloco europeu a continuar a ter “uma grande dimensão”, ainda que esteja a divergir dos EUA desde a altura da grande crise financeira. “A partir de 2005, passámos a estar em baixo e numa trajetória divergente. Os EUA estão a crescer tendencialmente mais. Uma questão é a disponibilidade de capital produtivo”, apontou.
Para um crescimento sustentável
“As medidas”, apontadas ao longo do Debate “terão de ser acompanhadas por um diálogo constante entre o setor público e privado, de forma a garantir que as políticas respondem às reais necessidades da economia e promovem um crescimento sustentável”. Para o Prof. José Fonseca Pires da AESE Business SChool, “o desafio, agora, será garantir que estas políticas são bem implementadas e que têm o impacto desejado na recuperação e modernização da economia portuguesa.”
Recuperar, reformar e relançar Portugal
O debate na AESE Business School terminou com o secretário de Estado Adjunto e do Orçamento, José Maria Brandão de Brito, a apresentar as linhas gerais do Orçamento do Estado. “O documento entregue no dia 10 de outubro consubstancia as três traves-mestras do projeto político deste governo: recuperar, reformar e relançar Portugal num contexto de responsabilidade orçamento que permite reduzir a dívida pública e prevenir choques externos”. O responsável apresentou os indicadores de crescimento económico de 1,8%, em 2024, e 2,1%, em 2025, mas sublinhou que a perspetiva no próximo ano é “conservadora, referindo-se às previsões de entidades como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Artigos relacionados
Os desafios do investimento e do crescimento económico em Portugal