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A Mobilidade sustentável: redes de confiança e aceleradores de transformação
03/12/2024
A AESE lançou em 2024, um novo programa sobre Gestão da Mobilidade Sustentável.
Findo o percurso iniciado com profissionais do setor, parceiros e concorrentes, os diplomas do GSM foram entregues, a 5 de dezembro, em ambiente de grande valorização por parte de todos os stakeholders envolvidos.
Numa entrevista ao Diretor do Programa Miguel Silva Sanches (MSS), Gestor e Alumnus do GMP da AESE, o balanço é feito com uma tónica de positividade, inovação e de continuidade.
O que ganharam os participantes com o programa Gestão Sustentável da Mobilidade da AESE, em parceria com a Antrop?
MSS: “Os participantes do programa GSM beneficiaram de um conjunto de sessões que os capacitam para enfrentar os desafios complexos de um setor em constante transformação. Ao longo do programa, tiveram acesso a uma abordagem integrada e profundamente prática, que combinou rigor académico com temas de relevância para o setor.
O método do caso destacou-se. Ao discutir e simular cenários reais, os participantes desenvolveram competências analíticas essenciais, reforçaram a sua capacidade de diagnosticar problemas multifacetados e testar soluções eficazes num ambiente colaborativo. Essa abordagem também ajudou à construção de redes de confiança entre os participantes, essenciais para a troca de experiências e colaboração futura.
O programa ofereceu uma abordagem transversal, explorando as várias áreas académicas da AESE. Nas Operações, exploraram a eficiência e inovação no desenho e gestão de soluções. Em Finanças e Controlo de Gestão, a avaliação de viabilidade económica, performance e impacto financeiro de iniciativas. Em Política de Empresa, com a construção de estratégias alinhadas com a sustentabilidade nas suas várias vertentes. No Marketing, com um posicionamento e comunicação eficaz em mercados dinâmicos. Também no Fator Humano, temas como a liderança, motivação e gestão de equipas. Essas competências foram complementadas com conferências conduzidas por especialistas do setor, que abordaram temas de relevância como a descarbonização, o impacto da inteligência artificial, e as dinâmicas políticas e regulatórias, a contratação pública, estruturas e modelos de financiamento, apenas para referir alguns.
A parceria com o IESE Business School foi um fator de diferenciação, ao trazer uma dimensão internacional e estratégica. A participação do Prof. Pascual Berrone, por exemplo, sobre cidades inteligentes e sustentabilidade, trouxe uma visão inovadora sobre como liderar transformações estratégicas aplicadas à mobilidade e cidades mais sustentáveis.
No final, os participantes saíram do programa não apenas com uma visão abrangente do setor, mas também munidos de competências práticas e estratégicas para implementar soluções sustentáveis e impactantes. Esperamos que este programa represente uma alavanca crucial para a liderança em mobilidade sustentável e um fator de aceleração de transformação para o futuro.”
As suas expectativas como Diretor do Programa foram atingidas?
MSS: “Diria que minhas expectativas foram claramente superadas. O que mais se destacou foi a combinação de um grupo de participantes com perfis altamente diferenciados e uma senioridade significativa nas suas organizações, o que trouxe uma enorme riqueza ao debate. A qualidade das discussões foi ainda elevada pelo contributo de professores e conferencistas convidados, todos com vasta experiência nas suas áreas, o que permitiu abordagens profundas e insights estratégicos essenciais.
O ambiente criado favoreceu não só a troca de ideias e o networking, mas também a construção de soluções inovadoras e realistas para os desafios complexos do setor da mobilidade sustentável. Julgo que conseguimos criar um espaço único de aprendizagem e desenvolvimento, tanto para os participantes como para todos os envolvidos no programa e espero que consigamos dar continuidade a este trabalho.”
Quais os desafios mais sentidos pelos líderes de empresas e quais as oportunidades em que se sentem agora mais confiantes para apostar?
MSS: “Os desafios mais sentidos pelos líderes das empresas que participam no programa Gestão Sustentável da Mobilidade têm sido claros. O debate sobre a descarbonização do setor dos transportes destacou-se como um dos temas mais prementes. É um dos setores mais desafiantes em termos de emissões de CO₂, e alcançar as metas de redução implica lidar com questões como custos de transição, modernização de infraestruturas e, por vezes, resistência dentro das próprias organizações.
Outro desafio importante é a implementação de práticas ESG. Cada vez mais, os líderes têm de responder a exigências regulatórias e, ao mesmo tempo, alinhar as operações das suas empresas com objetivos de sustentabilidade, sem comprometer a competitividade.
Também abordamos os riscos e oportunidades associados à inteligência artificial. Embora haja um enorme entusiasmo pelo potencial da IA para transformar o setor da mobilidade, há uma preocupação crescente com questões éticas e cibersegurança.
Mas é importante referir que, apesar destes desafios, os líderes veem oportunidades claras em áreas como a implementação de tecnologias mais sustentáveis ou a adoção de combustíveis alternativos. Há também um otimismo crescente em torno da inteligência artificial, especialmente na otimização de operações e planeamento urbano, e no potencial do ESG como um motor de inovação e de atração de investimentos.
O que noto, em suma, é que os líderes sentem-se mais preparados para enfrentar estas mudanças quando têm acesso a ferramentas práticas e modelos comprovados. No programa GSM, trabalhamos para oferecer essa visão integrada e soluções práticas que capacitam os participantes a operar as transformações necessárias no setor.”
O que destaca como fatores críticos de sucesso para que Portugal seja um caso inspirador no setor da Mobilidade Sustentável, no contexto internacional?
MSS: “Considero que existem dois fatores críticos de sucesso essenciais. O primeiro é a colaboração e o alinhamento eficaz entre diferentes níveis de governação e os vários atores envolvidos. Isto inclui o Estado, o governo central, as administrações regionais e locais, as empresas do setor e, crucialmente, os cidadãos. É fundamental que todos estejam alinhados em torno de objetivos comuns e que exista um compromisso para criar soluções integradas e escaláveis.
Aqui também nos incluímos porque como nos dizia no encerramento do programa a Senhora Secretária de Estado da Mobilidade, a colaboração com a academia é essencial para ajudar na estratégia de acelerar a descarbonização e a digitalização do sector dos transportes, na conquista de mais passageiros para o transporte público.
O segundo fator crítico são as políticas públicas. Apenas com políticas públicas ambiciosas, mas também consistentes e bem implementadas, será possível incentivar uma mudança efetiva nos padrões de mobilidade. Estas políticas devem fomentar a adoção de soluções de transporte mais sustentáveis, investir em infraestruturas adequadas e garantir acessibilidade para todos os cidadãos. Além disso, é indispensável que estas políticas sejam acompanhadas de incentivos financeiros, como apoios à renovação de frotas ou benefícios fiscais para empresas que integrem práticas sustentáveis.
Combinando uma visão clara, políticas alinhadas com os objetivos de descarbonização e uma abordagem colaborativa, Portugal tem todas as condições para liderar pelo exemplo e inspirar outros países no caminho para uma mobilidade mais sustentável.”
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