Da liderança aos modelos híbridos, passando pela sustentabilidade, a gestão de talento e os novos desafios da empregabilidade… foram estes os temas em foco, no Fórum Futuro do Trabalho. O evento da Exame realizou-se em parceria com a ManpowerGroup, JLL e AESE Business School, a 28 de outubro de 2021.
Lideranças mais empáticas, adaptáveis, comprometidas e íntegras tendem a ser os traços distintivos de sucesso mais valorizados em prol da sustentabilidade. A pandemia trouxe muitas lições que não devem ser ignoradas, à medida que o regresso à normalidade se vai produzindo. É no jogo entre o regresso à zona de conforto das práticas habituais e o enquadramento dos novos contextos do ambiente de trabalho que os líderes têm de estar preparados para navegar.
Syneathia LaGrand, VP-Learning & Development do ManpowerGroup, focou a sua exposição na capacidade de resposta dos colaboradores à pandemia. Houve uma necessidade de reavaliar o formato e o planeamento do trabalho com uma maior flexibilidade, apostando numa política de recompensa em detrimento do presentismo. “Não podemos voltar ao que era antes. E por isso é que há tanta falta de mão de obra agora. Isso tem de ser mudado através das lideranças, de como incentivamos e promovemos o talento”, explicou remotamente a oradora, na conversa guiada pelo diretor da EXAME, Tiago Freire.
“Tanto o tempo como o local são algo de líquido, as situações são múltiplas e a dificuldade de gerir nómadas digitais, híbridos ou presenciais é o desafio que está em cima da mesa”, referiu a Prof. Maria de Fátima Carioca, Dean da AESE.
Empresas vistas à lupa
Apesar da prática de flexibilidade na Bosch ser uma tradição de longa data, nem todas as tarefas industriais podem ser executadas à distância. Carlos Ribas, líder da Bosch em Portugal e da fábrica de Braga, vocacionada para a eletrónica automóvel, demonstrou a preocupação da empresa com a identificação de soluções justas para todos os colaboradores, de acordo com cada função desempenhada.
Paula Carneiro, head of People & Organizational Development Global Unit da EDP, sublinha que “há uma grande pressão no sentido de podermos facilitar mais dias em casa. As pessoas sentem que ganharam produtividade durante a pandemia”. A força de trabalho tornou-se “muito mais líquida”, levando ao desenvolvimento de competências orientadas para o trabalho remoto e por projetos.
Pessoas, espaços e processos são os três eixos basilares na Microsoft, a pensar estrategicamente no trabalho híbrido do futuro. Da adequação dos locais e dos equipamentos, aos modelos de gestão por objetivos, é necessário repensar novos processos de onboarding, colaboração e brainstorming. A General Manager Paula Panarra defende que “é preciso que os líderes queiram fazer essa transformação”.
O trabalho remoto na Feedzai era comum, antes da Covid-19. Dalia Turner, VP of People, reforçou que foi a comunicação, que mais mudou e para melhor. A captação de talento em todo o mundo tem seguido uma lógica de recurso à plataforma multinacional de combate ao crime financeiro nas transações comerciais.
Para Caetano de Bragança, o head of Workplace Strategy da JLL, a inovação é chave para garantir a liderança de uma companhia. “As grandes sedes corporativas continuarão a existir. O edifício vai moldar as pessoas que lá estão. Os edifícios serão também geografias emocionais”, afirmou. Mais do que gerador de “relações de eficácia”, as empresas estão cada avez mais sensíveis a questões de sustentabilidade.
Esta é uma “obsessão e uma chave na dinâmica empresarial para a Endesa”, de acordo com Miguel Mendes, Country Manager B2B. “Temos obrigação de trabalhar a sociedade para mudar os hábitos. As empresas têm de continuar a acreditar que é verdade, porque algum dia vai sê-lo: a sustentabilidade ser fator de atração de talento.”
A aposta contínua nas competências
“Um plano de transformação de talento é crítico” para Raúl Grijalba, Presidente do ManpowerGroup para Portugal, Espanha, Grécia e Israel. “Até agora temo-nos concentrado em atrair talento, temos de pensar como vamos construir o melhor talento”.
Carlos Oliveira, Presidente Executivo da Fundação José Neves diagnosticou as necessidades críticas de qualificação da mão de obra em Portugal. Cerca de 20 % dos licenciados não encontra emprego ao fim de três anos.Torna-se indispensável o desenvolvimento de competências ao longo da vida, através de formação contínua. “Temos de continuar a qualificar e tornar útil para a sociedade uma grande massa de portugueses com qualificação em perda. Um nível mais elevado de educação protege o emprego”.
Conhecidas as 50 Melhores Empresas para Trabalhar em Portugal, Miguel Cabrita, Secretário de Estado Adjunto do Trabalho e da Formação Profissional, fez-se presente no evento por meio de uma mensagem gravada, referindo o programa do governo apresentado, a pensar “num mercado de trabalho bem estruturado e bem regulado, capaz de lidar com as necessidades de flexibilidade das empresas e acautelar a dimensão coletiva das relações de trabalho e do equilíbrio no mercado, combatendo a precariedade.”