O contexto pós pandémico apresenta desafios e oportunidades com particularidades no setor social. Para pensar na otimização de recursos, nos planos de ação e nas respostas às necessidades mais prementes, a AESE organizou um almoço de Natal seguido de uma conferência colóquio com o Prof. Manuel Rodrigues. O encontro de antigos participantes do GOS aconteceu a 15 de dezembro de 2021, na AESE, em Lisboa.
O Professor de Finanças no King’s College, de Londres, e conferencista da AESE Business School procurou responder aos reptos mais prementes relacionados com a “Gestão financeira”, questões com as quais o Terceiro Setor se tem deparado com habilidade e resiliência.
Que implicações tem este cenário de saída de crise, sobretudo para Portugal e, em particular, para as pessoas mais frágeis? Como será a recuperação e quando? Com que apoios pode o Setor social contar? E quais são as semelhanças e diferenças entre esta crise e as ocorridas no passado? Estas foram algumas problemáticas colocadas pela Prof. Cátia Sá Guerreiro, Diretora do GOS – Gestão das Organizações Sociais, de Lisboa.
As crises são cíclicas, ocorrendo de 7 em 7 anos, e “são passageiros que nos acompanham”, referiu Manuel Rodrigues citando o Prof. José Ramalho Fontes, da AESE. “Apesar do gatilho que provoca o início de cada crise ser diferente – observa-se que diferentes crises têm mais em comum do que se poderia antever” e os passos através dos quais se desenvolvem são previsíveis. Para exemplificar, o Professor visitou alguns episódios passados como a queda da Lehman Brothers, em 2008.
“Hoje enfrentamos o Covid”: “com a eclosão da pandemia e à imagem da crise de 2008, os Países periféricos da UE sofreram um agravamento das condições de financiamento soberano. O confinamento gerou um coma induzido à economia.” “O problema foi bem mais agudo do que aquilo que se passou em 2008. A crise económica do “Great Lockdown” superou largamente a crise de 2008. Em 2020, o PIB global caiu -3,1% quando na crise de 2009 contraiu 0.1%”. “A intensidade desta crise não tem comparação com crises anteriores, mas a forma como reagimos foi diferente: a resposta coordenada dos Bancos Centrais e o Programa de Compras de Emergência Pandémica do BCE evitou uma nova crise financeira.”
A resposta coordenada global estabilizou da situação financeira e impulsionou a recuperação. “A vacinação mitigou a progressão da epidemia”. Segundo a literatura, a progressão de uma epidemia ocorre com um elevado risco de formação de novas variantes com aumento de transmissibilidade, ainda que o nível de letalidade do vírus possa vir a ser inferior – e o Covid-19 tem seguido este padrão.
“A economia recupera impulsionada pela ação coordenada dos Bancos centrais. Todavia, há muitos setores que estão muito vulneráveis.” De acordo com dados do Banco Central Europeu, “ao contrário de crises anteriores, e em resultado das moratórias, o nível de insolvências reduziu-se face aos níveis pre-Covid-19”. Todavia, uma vez resolvida a crise pandémica, as empresas terão de lidar com a questão financeira.”
Manuel Rodrigues identifica alguns riscos no médio prazo. “A escalada de preços sem precedente de produtos alimentares, metais e produtos energéticos complica as perspetivas de inflação e recorda a crise energética dos anos 70”.
A Economia Social desempenha um papel fundamental no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O PRR é o maior plano Europeu de Investimento alguma vez implementado – 7 vezes superior ao Plano Marshall (a preços de 2020). Este é um instrumento central de apoio à economia social para redução das vulnerabilidades sociais, reforçar o SNS, e apoiar habitação, educação, cultura, entre outros eixos.
Ao longo da sessão, os participantes do GOS colocaram as suas dúvidas, que foram respondidas pelo orador convidado.