A visão da Área Académica de Operações, Tecnologia e Inovação
Artigo de Jorge Ribeirinho Machado, Agostinho Abrunhosa, Joana Ogando e Nuno Biga
1. Quais são as principais tendências a considerar no âmbito das Operações, Tecnologia e Inovação para o ano 2022?
A primeira e mais importante é a necessidade contínua de mais eficiência. A inflação que existirá em 2022 vai exigir a eficiência na utilização de recursos, e que vai aparecer pela continuação do processo de transformação digital pelo qual estão a passar todos os sectores.
A segunda tendência, transversal também a todos os sectores, será a da sustentabilidade ESG. O pilar E é o que mudará mais em 2022. As duas tendências estão unidas, porque a melhoria da sustentabilidade ambiental exige a introdução de tecnologia (se não, o custo é incomportável), e tendencialmente essa mesma melhoria vai reduzir os custos globais de produção: vamos assistir à implementação de muito mais processos de economia circular no próximo ano.
Por fim, o mundo continua a acelerar e a incerteza continuará muito elevada, o que torna o trabalho dos gestores cada vez mais difícil. Por isso, terão de se apoiar nas ferramentas de IA para decidir mais depressa, forçar a inovação incremental e disruptiva para acompanhar a evolução do mercado, repensar a estratégia de gestão de stocks – o just-in-time está moribundo –, e tudo isto num contexto em que os clientes têm de receber uma experiência imaculada e personalizada.
2. Que temas de impacto transversal deveriam ter um espaço importante na agenda da alta direção em 2022?
Há um conjunto de temas relevantes para o trabalho da Alta Direção que serão diferentes do que eram num futuro recente:
- a inflação alta veio para ficar – o dinheiro passa a ser mais caro e a população perde poder de compra, em especial os que recebem menos;
- a demografia mudou – há escassez de pessoas para trabalhar, e aumenta significativamente a quantidade de reformados.
Em 2022 continuarão a ser relevantes:
- a necessidade de termos uma economia sustentável ESG;
- a resposta à pandemia vai continuar a ser reativa, e os efeitos de segunda ordem vão aparecer com mais força (como é o caso da saúde, física e mental, das pessoas), mas haverá remédios aprovados pelas autoridades de saúde;
- a conflitualidade geopolítica não vai baixar, e o risco de conflitos armados nas zonas de confluência dos interesses da China e da Rússia com os países ocidentais continuará alto.
3. E que temas dentro do âmbito específico da Operações, Tecnologia e Inovação vão requerer uma maior atenção das empresas?
O tema da gestão da cadeia de abastecimento vai ser crucial:
- O just-in-time morreu, porque se percebeu que há uma necessidade inescapável de flexibilidade, de resiliência (para os dias em que o canal do Suez entope, ou faltam contentores, ou há greves… ou pandemias). As consequências serão o aumento dos inventários e reshoring. Haverá uma diminuição geográfica das cadeias, o que é claramente uma oportunidade para Portugal.
- O efeito-chicote, que originou em larga medida a falta de produtos acabados nos mercados, terá tendência a desaparecer, desde que a informação seja muito mais transparente, os decisores não decidam sob pânico (aqui a AI/big data pode ser uma ajuda inestimável) e se acomode a realidade da diminuição das supply chains.
No que diz respeito à implementação da transformação digital, atenção à digitalização dos processos e a inovação através da AI e data analytics; e como consequência da digitalização da vida empresaria, cresce a importância da cibersegurança, que é já o tema mais relevante para os gestores nos EUA, e precisa de ser olhada com toda a atenção pelos gestores portugueses.
Por fim, aumenta a importância das redes colaborativas intra e interempresas, quer seja para prestar melhor serviço através da extended entreprise, quer seja para potenciar a inovação.
4. 3 atitudes / dicas / conselhos a ter em mente, enquanto líder, no próximo ano?
AI is your friend
Cobre os riscos: atenção à cibersegurança, à gestão da cadeia de abastecimento, à retenção do Talento, e à inflação
Sustentabilidade: TINA[1]
[1] There Is No Alternative
A visão das Áreas Académicas para 2022
Comportamento Humano na Organização
Artigo de José Fonseca Pires, Eduardo Pereira, Cátia Sá Guerreiro e Paulo Miguel Martins
Política de Empresa
Artigo de Adrián Caldart, Presidente do Conselho Académico e Responsável Académico de Política de Empresa da AESE Business School e Professor do IESE Business School
Política Comercial e Marketing
Artigo de Ramiro Martins, Professor e Responsável da Área de Política Comercial e Marketing