21/01/2022, Lisboa
Historicamente, o dinheiro tem adotado várias formas, assim como as suas modalidades de transação. Começando pelo facto de ser, antes de mais, uma unidade de conta, meio de troca ou pagamento e reserva de valor, a reflexão sobre o seu futuro é ampla e desafiante.
Para ajudar a concretizar o que se espera do Dinheiro Digital, o Agrupamento de Alumni da AESE convidou Nuno Fernandes, Professor Catedrático de Finanças no IESE Business School, para orador na sessão do Alumni Learning Program, a 20 de janeiro de 2022.
A procura de um sistema descentralizado, com segurança global, é um facto que provoca uma disrupção na indústria financeira, uma vez que os custos marginais são muito baixos. Para o Professor é importante fazer um equilíbrio entre a inovação e a segurança para que esta evolução seja bem sucedida.
Esta mudança comporta desafios. Para Nuno Fernndes sairão claramente beneficiados aqueles que conseguirem articular “a regulação, a inovação e a tecnologia”, criando espaço para se fazerem pequenos investimentos em produtos diversificados. Embora haja potencial, o orador alertou para o perigo da euforia, com a valorização excessiva das oportunidades do mercado.
Não obstante já dispormos de dinheiro digital, a vantagem de ter dinheiro num banco central prende-se sobretudo com o facto de oferecerem um mercado onde a moeda é mais estável, de forma a que a sua valorização não fique sujeita à volatilidade, num cenário com um número elevado de transações internacionais. “Há um potencial de 3 mil milhões de pessoas não bancarizadas. As moedas digitais aumentam o potencial em geografias em que o a moeda não é estável.”
Nuno Fernandes apresentou exemplos de bancos centrais com moedas digitais em expansão, como é o caso do Sandollar, oriunda da Bahamas.
Mais do que “cripto moeda”, o Professor prefere falar sobre “cripto ativo”, visto que encerra em si “uma volatilidade enorme, suscetível a influenciadores, coisa que não acontece com a moeda, uma reserva de valor”.
Nuno Fernandes elencou alguns exemplos ao longo da história de ativos que ganharam relevância durante um determinado período, como por exemplo os casos: da Tulipomania, da Mississipi Company, da South Sea Company, de 1929, da Dot.com e da Subprime CDO/MBS. O grande desafio de qualquer fenómeno deste cariz consiste “em descobrir quando é que a Bolha vai acabar”.
Para o convidado existem 2 justificações para estas euforias especulativas ocorrerem: falta de memória e associar-se o poder económico ao grau de inteligência de um investidor. Note-se que existem outras variáveis como o fator sorte, a convergência da situação e a genética, entre outras, que podem jogar a favor das euforias especulativas. Existem características relacionadas com a natureza humana, que uma vez aplicadas ao mercado financeiro aumentam o grau do risco.
“Não há almoços grátis”, lembrou Nuno Fernandes. “É preciso ter em linha de conta, os princípios financeiros chave, o tempo, o risco e o cash flow.
No final, os participantes colocaram as suas perguntas ao orador.