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A Dignidade Humana e o Futuro do Trabalho

25/06/2020, Online

“The Future of Work – a Human Dignity in an era of Globalization and autonomous technology” foi o debate promovido na AESE, que contou com a participação do Prof. José Manuel Durão Barroso, Prof. James Heckman e Cardinal Peter K.A. Turkson. A sessão online, moderada pelo Monsenhor Martin Schlag, realizou-se no dia 25 de junho de 2020.Neste encontro, os oradores focaram-se no impacto que a Globalização e a evolução tecnológica disruptiva têm tido na construção de um Novo Humanismo na Igreja, na Política e na Ciência.


Compreender a atualidade” e projetar o futuro
Msgr. Martin Schlag, JD, STD, Moss endowed Chair for Catholic Social Thought, University of St. Thomas, St. Paul, MN, USA, introduziu o tema referindo que se vive presentemente uma revolução, muito condicionada pela pandemia global. “Este é o momento de pensar a realidade e perspetivar o mundo como queremos que seja”. “O que se pensava ser um cenário futurista é hoje a vida com que o ser humano se depara, fortemente radicada na Tecnologia digital. “The Future of Work” é um exercício de reflexão que visou apresentar “uma possível solução para compreender a atualidade” e projetar um futuro melhor.




Uma visão europeísta da atualidade
O Prof. José Manuel Durão Barroso aceitou o convite para participar neste debate por considerar a reflexão sobre o Futuro do Trabalho “uma questão existencial”.  Ainda que seja cedo para concluir que se esteja a viver “uma mudança de paradigma fundamental”, o ex – Presidente da Comissão Europeia identificou algumas tendências que tendem a ser cada vez mais aceleradas e mais profundas com a Globalização.



Defensor da Europeização, o Prof. Durão Barroso acredita que este pode ser um tempo de grandes oportunidades. “A Europa continuará a ser uma construção incremental, no sentido de reforçar a união”. O orador aproveitou a ocasião para enumerar os argumentos que o levam a sustentar esta perspetiva, sublinhando a importância dos valores como alicerce de uma Globalização que deve tender para o Bem e para a promoção de um maior Humanismo. Durão Barroso desafiou a pensar-se a Humanidade num sentido mais estrito, isto é focando a reflexão “no” indivíduo.

Sobre o caso português, o Prof. Durão Barroso, destacou a grande plasticidade, adaptabilidade e resiliência do País. Aproveitou também para salientar algumas áreas nas quais Portugal tem a possibilidade de se reposicionar a nível geopolítico, passando a ocupar uma posição de maior relevo e competitividade no panorama internacional.



Economia, valores e o Novo Humanismo

Prof. James Heckman, Prémio Nobel de Economia e docente na University of Chicago, apresentou a sua tese  para responder aos desafios da pobreza, inequidade e da imobilidade social, que vai além da redistribuição prevista pelo tradicional sistema de transferência de impostos.Para o Professor, “uma maneira efetiva de aliviar a pobreza, a desigualdade e promover a mobilidade social consiste no desenvolvimento de competências, que, de acordo com estudos recentemente efetuados, contribuem para promover simutanemanete a dignidade humana e o compromisso social. Neste contexto as Famílias configuram-se como pilares incontornáveis na capacitação dos indivíduos. O apoio às Famílias é fundamental para “o sucesso na educação e na aprendizagem nos vários estadios de vida humana”.



O valor do trabalho e das relações fraternas
O Cardinal Peter K.A. Turkson, Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, considera que a Globalização tem evidenciado a necessidade de o ser humano se relacionar, beneficiando com a redução das distâncias. Todavia, não tem contribuído para que haja “uma responsabilidade maior pelo outro”.“O Novo Humanismo convoca-nos a redescobrir o verdadeiro sentido do se humano. Perceber a pessoa ajudar-nos-á a cuidar uns dos outros”.A pandemia atingiu famílias e afetou o emprego de muitos cidadãos. Na medida em que perceciona a “humanidade como uma família interrelacionada por laços fraternos”, em que os seus membros partilham da mesma dignidade, a sociedade deve ambicionar “o bem” e estar ao serviço do outro, como responsabilidade primordial”. O Cardeal Turkson definiu o conceito de ecologia integral para explicar a importância de preservar a interconectividade natural entre os indivíduos, assim como as condições morais, físicas e espirituais propícias à felicidade humana. Citando o Papa Bento XVI: o orador rematou: “quando a vida é inspirada pelo Amor é a antecipação do Céu na Terra”.



O novo humanismo e o papel das Business Schools

Maria de Fátima Carioca, Dean da AESE, encerrou a sessão fazendo referência ao facto de que os temas debatidos serem especialmente caros à missão da AESE, que comemora 40 anos de atividade. As escolas de negócio têm responsabilidade na formação de lideres que atuam na esfera económica global e local, recentrado-os no primado do valor da pessoa, no exercício das sua atividade. O papel das Business school é muito relevante na transmissão de conhecimento, já que contribui para a constituição de uma comunidade economicamente mais justa, sustentável e humana, onde a ética deve imperar. A Dean da AESE concluiu com o repto de ser possível construir-se uma sociedade humana como a sonhada, durante a sessão.


O novo humanismo e a antevisão da Assembleia de Alumni da AESE por António Pita de Abreu, Agrupamento de Alumni
“Na conferência “The Future of Work – a Human Dignity in an era of Globalization and autonomous technology”, promovida pelo Agrupamento de Alumni da AESE, participaram mais de 300 dirigentes e executivos. Assistimos a brilhantes intervenções.
O Prof. José Manuel Durão Barroso apresentou a sua visão do Novo Humanismo. Este não será construído na base do conceito tradicional, teórico e abstrato, da Humanidade enquanto “globalidade da espécie humana” mas será focado, em concreto, em cada uma das pessoas que existem e nas suas necessidades e aspirações.
Lançou, também, uma reflexão interessante. Que características existem mesmo, apenas e só, no ser humano? Que é exclusivo do “homem”? A fronteira entre o homem e o animal é fluida e é estudada há muito tempo. Mas agora surge uma outra fronteira também fluida entre o homem e a tecnologia, nomeadamente com a Inteligência artificial e com a biotecnologia que cada vez mais aponta para uma hibridização. Cada vez mais no corpo do homem são implantadas próteses inteligentes para o controlo de doenças e, previsivelmente, num futuro próximo para aumentar algumas das nossas capacidades. Um tema que suscita análise profunda e urgente para podermos balizar o sentido ético e evolutivo do conhecimento e da aplicação da tecnologia.
O Prof. James Heckman, Prémio Nobel da Economia, especialista em econometria, baseou-se em estudos feitos em diversos países e numa análise inteligente desses dados.
O seu foco é a diminuição das desigualdades que se têm vindo a acentuar no seio das sociedades. Que instrumentos concretos utilizar para permitir maior mobilidade social e uma maior homogeneização no acesso à “riqueza”?
Na sua opinião, sempre baseada em dados, os modelos redistributivos usuais baseados na progressividade dos impostos e nos subsídios atribuídos a indivíduos ainda que necessários não são suficientes.
Um novo “driver” começa a ser utilizado e deve ser intensificado: o acesso à capacitação individual nos “skills” exigidos pela economia e pela sociedade. E isso implica definir quais são esses skills e quais são os melhores veículos para transmiti-los. Da elencagem que está feita e dos estudos que o Prof. Heckman conduziu resulta uma conclusão importante: para uma boa parte desses skills o veículo transmissor mais eficaz, de longe, é a família. Assim haverá que dirigir para a família e não para o indivíduo-alvo os recursos e incentivos necessários para isso.
Já o Cardeal Peter K.A. Turkson sublinhou a importância da fraternidade e da compaixão/solidariedade  e sublinhou a necessidade de uma releitura atenta da “doutrina social da Igreja” que contem orientações que se têm revelado particularmente apropriadas nestes tempos de crises sucessivas que, desde há alguns anos, temos vivido.
A maioria destes temas e a aplicação concreta deles a Portugal farão parte do programa da próxima Assembleia de Alumni da AESE, que realizaremos em Abril de 2021 e de que daremos notícias em breve.”

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