Planear para que nada aconteça
Os ciberataques tornaram-se uma ameaça invisível e constante, impondo custos significativos a acionistas, clientes e gestores. Um estudo, de 2023, a 6.700 líderes em 27 mercados mostrou que 85% não acha as suas organizações bem preparadas para um ciberataque . Por outro lado, as regulamentações NIS2 e DORA impõem às empresas e administradores práticas rigorosas de gestão do risco e segurança cibernética. À medida que a digitalização avança, implementar estratégias robustas de segurança da informação deixou de ser opcional, é essencial para a sobrevivência e resiliência das empresas no cenário atual.
Assim, ter um plano de resposta a incidentes bem estruturado é fundamental para mitigar possíveis ataques, assegurar a rápida recuperação e a continuidade da organização. No entanto, é difícil conseguir orçamento para investir em segurança e para que nada aconteça. É sempre mais fácil conseguir verbas para fazer acontecer coisas. Mas se algo disruptivo acontece a própria continuidade da organização fica em causa. Segundo a Fundação CEOE , 6 em cada 10 empresas que enfrentam um ataque cibernético grave fecham.
No caso português em que a maior parte das empresas são PMEs ou micro empresas com parcos recursos técnicos e de conhecimento isso ainda é mais preocupante. Em 2021, segundo a Strongdm, 61% das PMEs foram alvo de ciberataques .
Embora tenha elementos técnicos, a cibersegurança é também gestão e cultura organizacional, pois muitos incidentes resultam do comportamento humano, por vezes inadvertido. A segurança da informação é da responsabilidade de todos.
Ao investir no planeamento e na preparação, em ter procedimentos claros para lidar com incidentes de segurança, as empresas mostram compromisso com a proteção dos dados e a continuidade do negócio, o que reforça a confiança de clientes, parceiros e colaboradores.
Planear e preparar
O planeamento da cibersegurança pode começar com a identificação dos riscos e a avaliação do seu possível impacto, etapas que permitem reconhecer ameaças potenciais e avaliar possíveis consequências. Com base nessa análise, é possível identificar opções de resposta adequadas para mitigar ou evitar os riscos identificados. Em seguida, desenvolve-se um plano de continuidade de negócios, detalhando procedimentos e recursos necessários para assegurar a continuidade das funções críticas durante e após incidentes. Para garantir a eficácia desse plano, é essencial formar, exercitar e manter regularmente as equipas e os processos envolvidos, promovendo uma cultura de resiliência e preparação contínua na organização.
A preparação implica criar políticas e procedimentos claros para identificar e responder a incidentes de segurança. Isto inclui, por exemplo, a formação contínua das pessoas, políticas de backups regulares bem estruturadas e segundo a regra do 3-2-1, ou seja 3 cópias diferentes, 2 formatos distintos e 1 fora das instalações. É crítico fazer avaliações regulares de vulnerabilidades e a implementação de medidas preventivas, como firewalls e sistemas de deteção de intrusões. Uma preparação adequada e pensada com tranquilidade permite uma resposta mais eficaz quando ocorre um incidente.
Nesta fase é preciso identificar as joias da coroa em termos de dados, ou seja, aqueles que são core para o negócio e que devem ser preservados a todo o custo. Também é importante pensar nos serviços técnicos especializados externos a quem se possa recorrer na crise.
Plano de Resposta a Incidentes e continuidade
Um plano de resposta a incidentes detalha as ações específicas a serem tomadas em caso de ataque cibernético, quem faz parte da equipa de resposta ao incidente e como se organiza a resposta. As principais etapas do plano incluem a deteção rápida; medidas de contenção e isolamento imediato das ameaças; remoção dos elementos maliciosos dos sistemas afetados; restauração segura e monitorizada das operações normais.
Em caso de ataque é importante fazer uma análise forense para identificar os vetores de ataque, que sistemas foram comprometidos, que informação pode ter sido roubada, identificar as lições aprendidas para aprimorar futuras respostas e fortalecer a segurança.
O papel da gestão de topo
A gestão de topo desempenha um papel central na proteção da informação, sendo responsável por estabelecer uma cultura de segurança robusta e implementar estratégias eficazes de cibersegurança, como o modelo de “zero trust”.
Isso inclui a definição de políticas claras de segurança, alinhadas com a estratégia e objetivos da organização, assegurar a criação de planos de resposta a incidentes, a identificação e gestão dos riscos e a garantia de conformidade com a lei. O governo eficaz da segurança da informação é essencial para proteger os ativos e assegurar a continuidade. Muitas vezes é informação pessoal de clientes ou fornecedores que sendo roubada tem sérias implicações legais.
A alta direção deve assegurar a disponibilidade de tecnologias avançadas de segurança, como firewalls, sistemas de deteção de intrusões e soluções de monitoramento contínuo. A formação contínua dos colaboradores em práticas seguras e a contratação de profissionais especializados reforçam a postura de segurança da organização.
É imperativo que a gestão de topo aloque os recursos financeiros e humanos necessários para essas iniciativas, reconhecendo que os investimentos em segurança são compensados pela mitigação de riscos e prevenção de perdas financeiras e reputacionais significativas no futuro.
A promoção de uma cultura organizacional que priorize a cibersegurança é outra responsabilidade crucial da liderança. Isso envolve a consciencialização e a formação regular dos colaboradores sobre as melhores práticas e políticas de segurança, incluindo a realização de workshops, simulações de ataques e a disseminação de informações atualizadas sobre ameaças emergentes.
Uma cultura de segurança bem estabelecida reduz significativamente o risco de incidentes causados por erro humano, fortalecendo a resiliência da organização face aos desafios cibernéticos atuais.
Em resumo, a preparação proativa e o planeamento estruturado são essenciais para proteger as organizações contra as crescentes ameaças cibernéticas, garantindo resiliência e continuidade organizacional.
Los Nuevos Gigantes del Asfalto: Cómo las Automotrices Chinas Están Redefiniendo el Liderazgo Global
Prof. Juan Moreno. Executive Fellow. IESE Business School
Prof. Adrián Caldart. Professor de Política de Empresa AESE Business School. Associate Professor de Strategic Management IESE Business School
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“A essência da estratégia não está em fazer o que todo mundo faz, mas sim em fazer o que ninguém mais faz .” Michael Porter