Está na reta final a 20º edição do MBA da AESE, e no passado dia 1 de Julho assistimos a mais uma apresentação pública dos projetos da disciplina de Entrepreneurial Initiative. Uma vez mais, numa sessão repleta de adrenalina, onde os grupos de trabalho apresentaram, em formato de pitch, os projetos de negócio que desenvolveram ao longo dos últimos meses, a uma audiência muito diversificada composta por amigos, participantes, investidores, professores, alumni e potenciais parceiros de negócio.
Desde 2002 que esta disciplina de empreendedorismo, inicialmente denominada NAVES (Novas Aventuras Empresariais), tem sido um fator muito diferenciador deste MBA. Com o assimilar do conhecimento, ao longo dos dois anos de curso, os participantes devem aplicá-lo em prol de uma ideia, de um conceito ou negócio mais ou menos exequível, com maior ou menor probabilidade de implementação, mas sempre com a premissa de ser enriquecedor e transformador quer do ponto de vista pessoal quer académico.
Muitas ideias que passaram por esta disciplina fizeram o go to market. Algumas com mais sucesso que outras, mas felizmente conseguimos ter uma mão cheia de projetos que foram lançados nos respetivos mercados, cresceram, consolidaram e alguns deles detêm uma posição muito competitiva nas indústrias onde atuam.
Continuo a acreditar que dotar os participantes do MBA, e eventualmente de outros programas da AESE, de conteúdos programáticos relacionados com o lançamento de empresas e negócios é fundamental para a consolidação pedagógica dos conhecimentos de gestão lecionados e como uma enriquecedora experiência pessoal.
Provavelmente, alguns dos participantes que fizeram o seu pitch nos últimos 20 anos esperavam casar com potenciais investidores ou parceiros que estivessem na plateia. Alguns conseguiram, mas a maior parte não. Casar com um empreendedor não é tarefa fácil: vivem as suas vidas sem horários, focados 200% em objetivos, quer sejam eles finais ou intercalares, obstinados a criar um minimum viable product ou a construir um plano de negócio robusto, para que o risco seja o menor possível. Vivem para a sua startup, para a concretização do seu plano, para a exposição da sua marca e para a forma como vão fazer crescer o seu negócio.
Tendo acompanhado dezenas de grupos de projetos nesta cadeira vivi com todos eles as incertezas e as dificuldades em afinar e sistematizar as ideias de negócio, muitas vezes ideias inovadoras, mas muitas vezes sem tração suficiente de mercado. Vivi com eles as frustrações de não conseguirmos informação suficiente de mercado, entrevistas com stakeholders relevantes do setor ou vermos o documento de trabalho completamente caótico e ainda sem qualquer storytelling. É nesses momentos que atuamos, com inteligência emocional, incutindo aos grupos, energia, motivação e perseverança por forma a que consigam atingir com sucesso o resultado a que se propõem.
Que boa é a adrenalina no dia antes da discussão dos trabalhos dos grupos e da apresentação pública dos projetos. Assistir todos eles na defesa aguerrida dos seus projetos, na maioria das vezes totalmente fora das suas zonas de conforto e com altos níveis de competitividade (saudável) perante as classificações finais. Tudo isto é uma experiência transformadora para todos os participantes que passam por este processo.
Podemos dizer que ser empreendedor é mais fácil com a transição digital e com as novas tecnologias, como as novas plataformas colaborativas de trabalho, as novas metodologias de cocriação, uma maior multiplicidade de formas de financiamento, entre outros. Todas estas ferramentas parecem facilitar e simplificar o processo, mas não…
Com todos estes novos modelos de trabalho e colaboração, os empreendedores vivem novos e exigentes desafios. Entre eles destacamos o garante da sustentabilidade e do cumprimento dos critérios ESG’s logo na fase de ideação; a visão de longo prazo na partilha de valor com todos os stakeholders; a análise criteriosa de riscos e políticas de compliance no cumprimento de regras e procedimentos perante os reguladores e as respostas holísticas e omnichannel, que as marcas têm hoje de dar a clientes mais exigentes e segmentados em tribos e subtribos que tornam a estratégia de marketing muito desafiante.
Estes são apenas alguns exemplos de que os desafios para os novos empreendedores podem parecer mais facilitados, nomeadamente pela tecnologia, mas a necessidade de ter modelos de negócio sustentáveis, robustos e que gerem riqueza para toda a cadeia de valor continua a ser igual desde os primórdios do lançamento de novos negócios.
Por tudo isto, diria que existem excelentes opções para casamentos duradouros entre empreendedores e os seus stakeholders, mas apenas se todos os envolvidos tiverem um perfil transparente, ambicioso, construtivo, visionário, mas realista e com capacidade e resiliência para fazer acontecer…esta sim, a grande arte do empreendedorismo.
Aprender a Liderar com Madrid 2022
Maria de Fátima Carioca
Professora de Fator Humano na Organização e Dean da AESE Business School
Somos cérebros de obra
Jorge Ribeirinho Machado
Professor e Responsável Académico da Área de Operações, Tecnologia e Inovação da AESE Business School
Quem quer casar com o Empreendedor?
Francisco Carvalho
Professor Assistente Entrepreneurial Initiative
Climate change and food systems: Transforming food systems for adaptation, mitigation, and resilience
International Food Policy Research Institute