Eugénio Viassa Monteiro
Professor de Fator Humano na AESE Business School e no Indian Institute Of Management–Rohtak, India
Penso com frequência no grande serviço que prestam certas entidades de prestígio, que estabelecem padrões de qualidade e segurança no âmbito dos produtos ou Serviços que certificam. Refiro-me aos produtos/serviços que nós utilizamos habitualmente e sobre os quais deve haver uma confiança indesmentível. Eles jogam muitas vezes com as nossas vidas e, por isso, não podem falhar.
Quem precisa de fármacos espera que eles sejam “exatos”, feitos com o conteúdo preciso e processos de produção aprovados. Em geral, significa aprovados pelas entidades de certificação locais e/ou de grande prestígio, ou de países onde o produto/serviço possa vir a ser utilizado. Em particular, tratando-se de fármacos, pela FDA-Food and Drug Administration dos Estados Unidos, cuja aprovação funciona como um passaporte de circulação por quase todo o mundo. De facto a FDA habituou a um serviço sério, chamando imediata atenção para qualquer pormenor, mesmo insignificante, que não esteja de acordo com as normas.
Muitas cartas da FDA para chamar a atenção aos laboratórios sobre algo não 100% correto, dão-nos um descanso de que teremos os medicamentos produzidos de acordo com os requisitos de qualidade e feitos dentro das melhores normas de produção aprovadas.
E ainda bem, pois assim podemos utilizar tais fármacos sem preocupações, pois a entidade que os certificou fez bem o seu trabalho.
Não é suficiente saber produzir e fazê-lo aos melhores custos. Importa ter um bom produto, bem fabricado, que funciona e no qual não houve simplificações nem curtos-circuitos para “facilitar”.
Tanto o custo como a qualidade devem ser consistentes, sempre. Não apenas na grande maioria das vezes. É isso que fortalece a confiança, que deve ser mantida e, se possível, aumentada ao surgirem novos meios científicos disponíveis para a reforçar.
Nos fármacos é de ter em conta que está em jogo a saúde dos utilizadores, um tema de vida ou morte, em muitos casos. Deveria haver algum organismo em cada país, se é que não existe ainda, focado na exportação de produtos muito sensíveis (como os fármacos), para não se exporem vidas à sua ação, quando não são bem fabricados. Indiretamente, também o nome do país ficará implicado, se não utilizam os componentes indicados, nem os processos aprovados.
Porque, mesmo que seja um só laboratório que não procedeu com correção, é toda a produção do país que será posta em causa. A generalização é inevitável e sempre penalizante para aqueles que procuram fazer sempre bem e com consciência.
A Índia – pela particular situação de pobreza a que foi relegada pelo colonizador britânico, roubando quanto pode, não se importando nada com a fome e a morte dos cidadãos indianos -, teve de encontrar formas de produção de fármacos a preços muito acessíveis para que toda a população pudesse ter acesso a eles, logo após a independência. E, de facto conseguiu, apoiada nas economias de escala ditadas por uma vasta população; quanto maior o volume de produção, menor o custo unitário. Isso também permitiu à Índia entrar nos mercados mais pobres, de países estrangeiros, o que criou um ciclo-virtuoso: maior produção, com exportação, levou a menor custo de produção e, portanto, a preços decrescentes de venda…
Outro setor muito sensível e com fortes efeitos emocionais é o da Aviação Civil. É crescente o número de pessoas que viaja, por necessidade ou por lazer. E todos precisam de estar confiantes no meio que utilizam, com a convicção de que tudo funcionará bem e cada qual chegará ao seu destino, sem problemas.
Num dado momento do dia, haverá dezenas de milhar de aeronaves voando pelo espaço. Mas se há um pequeno desastre, ele cria uma forte comoção, com um impacte bem negativo em quem tem de viajar, mesmo que seja numa Companhia diferente da acidentada.
É muito de agradecer a toda a armadura de segurança em torno das aeronaves.
Aos fabricantes, por atuarem com rapidez, quando algo se nota não estar bem e deva ser corrigido. Importa não fazer poupanças perigosas, com gastos para treinar o pessoal com os novos softwares, pois essa poupança pode ser fatal, como já o foi alguma vez!
Às autoridades locais que impõem regras estritas de funcionamento, retirando da circulação as aeronaves sobre as quais há alguma suspeita, quer sobre o seu software ou o hardware, no que toca aos sistemas de propulsão ou de segurança, até que fique tudo perfeitamente claro.
É bom notar, como uma marca muito positiva, o facto de que com o grande aumento do número de voos dentro da Índia e das suas ligações com o exterior, não ter havido acidentes registados desde há muitos anos. Não se pode descansar e os Organismos de verificação e aprovação devem continuar a ser implacáveis, pois estão em jogo centenas de vidas, em cada voo.
Estar a par do que os fabricantes dos diferentes tipos de aeronaves chamam a atenção para a segurança e ter uma atitude cautelosa, proativa e sem contemplações, para fazer aparcar as aeronaves em dúvida. Haver organismos nacionais compenetrados com a sua missão e a fazer o que é necessário, para tornar as viagens seguras e proteger as vidas dos passageiros da tripulação é o mínimo que deles se pode esperar. A vivacidade da aviação civil é bem notória com as duas recentes ordens de compra: de 470 aeronaves, pelo Grupo TATA, e de 500, pela INDIGO.
Há países com normas de exigência apertadas, que, por exemplo, não permitem voos de companhias que funcionam com normas mais relaxadas de manutenção e conservação das suas aeronaves. Essa é uma atitude extremamente louvável, pois qualquer companhia que faça ligação a um país ou cidade é tida na conta de estar a responder a todas as regras estipuladas. Se não estão a ter esse comportamento, melhor é rejeitar os seus voos para não induzir em erro os possíveis viajantes.
Os parâmetros de segurança e qualidade não podem ser negociados, vistos como algo secundário. São imprescindíveis. Talvez o segredo seja ser proativo fazendo cumprir com exatidão todos os princípios estabelecidos.
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