Adrian Caldart
Presidente do Conselho Académico da AESE e Professor da AESE e do IESE Business School.
Uma das consequências económicas mais claras associadas à atual pandemia é a evidência de que as complexas cadeias de abastecimento internacionais podem ser muito frágeis perante uma situação deste tipo.
COVID-19 e a transformação da Globalização
Muitas empresas europeias tiveram ou têm sérias dificuldades para continuar os seus processos produtivos, quer por falta de matérias-primas ou produtos semifaturados chave de origem asiática para os quais não existem, ou existem de modo muito limitado, alternativas de fornecimento geograficamente próximas. Este risco já se estava a perceber como resultado do impacto da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, mas o Covid-19 converteu um problema embrionário numa realidade com consequências graves e imediatas.
Esta situação está a criar em várias indústrias um debate entre “eficiência vs. resiliência” nas decisões de configuração da cadeia de valor. A eficiência justifica a divisão internacional do trabalho e a alta interdependência económica entre os países. A resiliência, pelo contrário, chama a robustecer a autossuficiência dos projetos industriais, pagando um preço a nível de eficiência para reduzir riscos de disrupção.
Este debate, que está só a começar, poderá levar a mudanças importantes no paradigma industrial europeu durante os próximos anos, sobretudo num cenário de políticas ativas da União Europeia destinadas a reconstruir as economias nacionais.
Os artigos aqui incluídos tratam com lucidez o impacto do Covid-19 na globalização e permitem refletir estrategicamente sobre como poderiam evoluir alguns setores industriais europeus a médio prazo.
https://www.barrons.com/articles/how-globalization-came-to-the-brink-of-collapse-51585865909