29/11/2022
O “Choque de gerações: debate sobre a gestão de pessoas das novas gerações” foi o mote de uma conversa claramente enriquecedora, por se sentarem à mesma mesa gestores sénior e colaboradores recém-formados, dispostos a escutar as expectativas e as necessidades de ambos os lados.
O encontro do ciclo People & Management aconteceu na AESE, no tradicional formato de Breakfast Seminar, no qual participaram responsáveis de gestão de Talento e de Pessoas de várias indústrias.
Os oradores convidados, Inês de Castro, Head of People na Worten, Francisco Moita, Associate Consultant na Mastercard, Maria Oliveira, Marketing Assistant na Henkel, e Mónica Rosendo, Country HR Director na Accenture foram moderados na sua conversa por João Valentim Executive Education Manager da AESE.
Como pensa e atua a nova geração
“O desafio profissional é uma oportunidade de aprendizagem, de errar, de sermos testados e obtermos feedback.” Para Francisco Moita, “as metas e as expectativas de carreira podem estar alinhadas”, independentemente da geração a que pertença um profissional. A auto-motivação face a objetivos claros e uma planificação de carreira são fatores críticos de sucesso para profissionais comprometidos. É esta a postura que o Associate Consultant da Mastercard tem procurado sedimentar.
Maria Oliveira falou com entusiasmo sobre o quão aliciante é “procurar o difícil e desafiante” para aprender a fazer diferente no “mundo real”, tantas vezes distante da teoria aprendida das faculdades. A falta de compromisso, não é uma questão geracional. A Marketing Assistant da Henkel defende que sem resiliência não é possível ultrapassar os obstáculos, sendo importante para os mais novos sentirem liberdade e um espírito colaborativo por parte de quem tem mais experiência.
A voz dos mais experientes
“Saber onde estamos e para onde nos dirigimos” é muito importante para traçar o caminho a percorrer, rumo a uma posição de liderança. Mónica Rosendo sublinhou a relevância de respeitar o status quo e a amplitude de comunicação experimentada que o convívio de 5 gerações, como acontece na Accenture possibilita. “Há culturas diferentes entre as gerações”, que devem ser considerados; mais do que inclusivamente o que se designa de gaps geracionais”. Os desafios de criatividade e de inovação manifestam-se: “a minha perspetiva, a minha cultura”, segundo a Country HR Director na Accenture, é inclusivamente hoje, diferente do que foi no passado, fruto das experiências vividas. “É tão importante falar de paridade como de intergeracionalidade”, reforçando o impato de conscious bias, sublinhado por Mónia Rosendo.
“As gerações mais novas são mais ousadas e orientadas para o propósito”. Inês de Costro tem testemunhado na Worten uma atitude notória de “envolvimento naquilo que acontece nas organizações”, por parte dos mais novos. Em contrapartida, a Head of People é perentória em afirmar que “temos de saber passar-lhes a responsabilidade” de encontrar as soluções.
O feedback e a empatia são dois dos pontos mais buscados pelos dois jovens profissionais convidados pela AESE, ao integrarem o mundo empresarial. Demonstraram nas suas intervenções uma vontade extraordinária de aprender e humildade para pedir ajuda de forma a compreender o processos.
Mónica Rosendo referiu a relevância do Mutual Mentoring, one to one, praticado na Accenture, a fim de fomentar a partilha “de formas diferentes de pensar, com benefício para ambas as partes. Há vários estádios de carreira profissional e de formação. “Aprendemos uns com os outros e está tudo bem”. “A diversidade é positiva para quebrar o bias”, confirma a responsável da Accenture.
“É importante dar-lhes voz”, pensa Inês de Castro. “A interação e o sentimento de pertença são bem-vindas e relevantes na Worten”, onde as boas ideias são premiadas com a implementação da dinâmica organizacional e do negócio. Os mais novos têm trazido uma perspetiva mais significativa sobre o work-life balance, uma área em que os profissionais mais experiente manifestam um maior desequilíbrio: “Ajuda-nos!”.
Na fase de debate, extensível à audiência, Francisco Moita e Maria Oliveira identificaram os fatores críticos para a seleção das empresas onde se encontram atualmente: a cultura da organização, com valores compatíveis com os pessoais, o propósito, a conciliação entre a vida profissional e pessoal, o prestígio e o valor reconhecido aos estagiários.
Os oradores foram consensuais em admitir que “o caminho é mais gratificante do que a meta” e que o leque de oportunidades supera o número de obstáculos que se possam encontrar.