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“Deixar a firma melhor do que a encontrámos”
8/11/2019, Lisboa
João Castello Branco, CEO da SEMAPA, não gosta de falar de si próprio. E acredita ter “ainda muito que fazer pela frente”.
Assim começou a sua Conversa deVida, com os participantes do Executve MBA AESE que tiveram a oportunidade de colocar questões e partilhar experiências com o executivo.
Presentemente a liderar o grupo de Pedro Queiroz Pereira, aos 17 anos teve um problema de saúde sério que não o impediu de terminar o liceu. Resiliência é uma das características que destaca para o sucesso na vida e nas empresas, à qual não deixa de associar o fator sorte.
O MBA que realizou no INSEAD foi decisivo para a trajetória profissional que se seguiu. Teve uma carreira internacional em Espanha, vindo a integrar a McKinsey em Portugal, onde ainda desempenha a função de Partner Emérito. Uma das características qu salienta nessa companhia é a de ser altamente horizontal e altamente desestruturada. “Trabalha-se em células de projeto, que se fazem e desfazem em função do objetivo.” João Castelo Branco encontrou ali a valorização da experiência e da meritocracia pela relevância do valor acrescentado ao negócio, em que o peso da hierarquia se dilui. O sistema de valores da McKinsey era constantemente transmitida. A missão que encontrou ali foi a de provocar mudanças significativas e sustentáveis, com independência, sendo todos responsáveis por guardar a confidencialidade, e reconhecer que o protagonismo é da empresa e não individual.
João Castelo Branco aprendeu também que mesmo que o trabalho seja operacional, o projeto deve ser encarado da perspetiva do CEO, com uma visão estratégica, de conjunto. “Muitos destes valores devem estar presentes noutras empresas que não só na Mckinsey. São fundamentais para saber a direção para onde caminhar.” O orador trabalhou também em Hong kong, Macau, Portugal e Espanha, com reponsabilidade exercida por outras geografias.
Pessoas que o marcaram
Manuel da Silva Violante, sócio fundador do escritório da McKinsey, foi uma personalidade incontornável na sua vida. Foi quem ajudou a conceber o Millenniumbcp. João Castelo Branco lembra-o como sendo uma pessoa “de uma extrema exigência. Hoje quem trabalhou com ele, recorda-se sobretudo do rigor intelectual e da entrega profissional aprendidas pelo exemplo”.
Pedro Queiroz Pereira foi a segunda pessoa que mais o marcou. “Apesar de não ter avançado muito nos estudos, era muito intuitivo, sensato, perspicaz, capaz de pensar em grade e assumir os riscos. Conhecia-se muito bem e lia as pessoas com bastante precisão. Rodeou-se de pessoas muito competentes e dizia que os seus melhores investimentos foram a contratação de duas pessoas de confiança para gerir a empresa”, anteriormente liderada pelo seu irmão Manuel. “Era herdeiro de uma tradição industrial e teve a capacidade de apostar tudo, como aconteceu com a aquisição da Secil e da Navigator, entre outras. Os seus valores foram muito importante para a construção do grupo Semapa: empreendedorismo, respeito pelas pessoas, pela ética, por falar direito e claro.
A transição de consultor para executivo
“Existe uma diferença grande entre o plano das ideias e a implementação estratégica. Se voltasse a ser consultor “investiria mais tempo em “ter menos boas ideias e colocar o foco mais nos motivos pelos quais essas ideias não funcionam”. “As boas ideias também têm timings próprios e é preciso ter capacidade e recursos para que elas aconteçam.” Um executivo tem de saber avaliá-as e saber como implementá-las.”
O líder da Semapa concluiu a sua intervenção referindo que “ser CEO é muitas vezes uma posição solitária. O desafio maior é o liderar as pessoas que nos rodeiam, para além dos objetivos e preconceitos pessoais, mantendo as equipas alinhadas com a estratégia do grupo.” Hoje trabalha com as 3 filhas de Pedro Queiroz Pereira, que demonstram vontade de dar seguimento ao projeto.
No seu entender, “Portugal tem muito potencial por aproveitar” e considera que “o dinamismo empresarial português precisa de mais tempo para resolver a questão do endividamento, sendo necessário desagravar o risco e remunerar convemientemente as competências.”
João Castelo Branco terminou com um tom otimista, com confiança nas novas gerações e no seu espírito empreendedor.