D. Manuel Clemente, Cardeal-Patriarca de Lisboa, foi o convidado do Agrupamento de Alumni da AESE para falar sobre a relevância dos fundamentos da Doutrina Social da Igreja, da sua origem até aos dias de hoje.
O Pensamento Social da Igreja ganhou corpo no Séc. XIX, na Europa e nos EUA, resultado da revolução industrial e das revoluções liberais contemporâneas. A deslocação das populações rurais para os centros urbanos, gerou uma série de tensões sociais, que fragilizaram ainda mais a condição humana dos mais desfavorecidos. “Nos centros fabris atingiu as raias do trágico”, conforme explicou D. Manuel Clemente.
Neste clima germinaram respostas católicas. “Rerum Novarum: sobre a condição dos operários”, do Papa Leão XIII (1891), foi o primeiro documento de muitos, considerado fundador do pensamento social cristão de forma sistematizada. Em 2020, o Papa Francisco deu o seu contributo para este pensamento e prática com a Encíclica “Fratelli Tutti: sobre a fraternidade e a amizade social”, atendendo aos desafios que a globalização trouxe ao tempo presente.
Existem 4 princípios permanentes que “de um modo ou de outro, estão inscritos na Doutrina Social da Igreja”: a Dignidade da Pessoa, o Bem Comum, a Subsidiariedade e a Solidariedade. Em resumo, “o fundamento recorda o próprio comportamento de Jesus Cristo: origem permanente do que é e se quer ser cristão”.
Entre as várias preocupações do Papa Leão XIII, a “Rerum Novarum” apelou à necessidade de um salário digno, ainda que por força das circunstâncias os trabalhadores aceitassem receber um valor aquém do justo e do devido.
Apesar do conceito do Bem Comum não ser original da Igreja, na verdade, é um princípio que tem contribuído muito para o sentido de propósito e aplicabilidade prática nas relações sociais naquilo que se faz.”As sociedades existem espontaneamente. Os poderes centrais do Bem Comum devem, por isso, promover, apoiar e estimular as sociedades menores, sem se imiscuírem nas regras internas, sob risco de as aniquilarem. Sobre a propriedade privada impera uma hipoteca comum, resumiu o Cardeal Patriarca de Lisboa, recordando as palavras do Papa João Paulo II.
Sobre o mundo empresarial, é de ressalvar que as capacidades são um dom de Deus e devem orientar-se para o desenvolvimento dos outros e para a eliminação da miséria humana. A necessidade do trabalho para a realização de cada um, que vai além do objetivo da função que desempenha. É também oportunidade de expressão de si próprio, partilha de dons e de crescimento.
Após a conferência de D. Manuel Clemente, os Alumni puderam colocar as suas perguntas e vê-las respondidas pelo orador.