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Empreender no feminino: um exemplo de resiliência e inovação
10/02/2025
Um empreendedor é “um fazedor”, mas esta postura de concretizar ideias e ir mais além ganha contornos especiais no feminino, lembrou a Dean da AESE Business School, Maria de Fátima Carioca, no arranque da sessão “Empreender no feminino: a realidade em Portugal”, organizada, esta segunda-feira, no âmbito do programa Disruptive Leaders 360. “Habitualmente, os negócios que surgem são inovadores, não foram pensados até aí e servem para resolver problemas. Também não há empreendedorismo feminino sem o olhar cuidador da comunidade em que está envolvido. E, se falamos em liderança, o verdadeiro líder é inovador, mesmo que a empresa seja familiar ou tenha muito tempo. Há que continuar a ter essa alma para fazer melhor”, apontou.
Materializar esta ideia num perfil levou a CEO da Remax Portugal, Beatriz Rubio, a palco, onde recordou o caminho feito desde o primeiro trabalho numa multinacional até à criação do próprio negócio. Às participantes, sugeriu que procurassem “sempre soluções criativas, para facilitar a nossa vida e a vida de quem está connosco”. Além disso, a importância da estratégia e da disciplina – “e as mulheres têm bastante” – foram outros dos conselhos partilhados.
“Temos de estar adaptados para dar mais ao cliente. O nosso cliente tem de ver que estamos a pensar nele e damos muito mais do que a concorrência”, destacou Beatriz Rubio, que lidera 14 mil pessoas e para quem “a confiança cria sucesso”.
Tecnologia e Inovação
A crescente influência e impacto das mulheres na economia digital foi o tema escolhido para o primeiro debate, moderado Francisco Carvalho, Professor da AESE, que pediu à audiência feminina para “arriscar mais e não ter medo de usar a própria voz”. Esta ideia estava bem personificada por uma das participantes do painel, Rita Maçorano, Co-Founder & CEO da Nevaro, que aproveitou uma ideia em contexto académico para criar uma app móvel para gestão da saúde mental e do bem-estar baseadas em evidência, através de métodos clinicamente validados.
“Se não fosse um professor a empurrar-me, não teria começado. Há muitas ideias e coisas que ficam na gaveta”, notou.
“Criativa e inquieta”, Rita Maçorano afirmou que sente diferenças na forma como é vista na hora de apresentar os seus projetos, em comparação com empreendedores homens. Além disso, recordou que, em tempos, chegou a ser aconselhada a sorrir menos.
“Também noto que temos de trabalhar três ou quatro vezes mais para chegar a um certo patamar de conversa com algumas pessoas”, confessou.
Do mesmo modo, Sara do Ó, Presidente Conselho Administração da Ó Capital e Co-Founder do Grupo Your, lembrou o passado em que era vista como “jovem e demasiado alegre” no mundo da consultoria financeira. “O início foi muito difícil, nunca pensavam que éramos da área. É preciso construir um caminho, transformando a dor em força, e isso dá um alimento. Sentíamos mesmo a necessidade de provar. Ainda hoje sinto imensa necessidade de provar”, partilhou.
“As mulheres têm mais palco, mais exposição, mais exemplos a seguir. Os números mostram isso, só que os processos são lentos. Mas estamos no caminho de maior igualdade de oportunidades”, sublinhou Sara do Ó.
Para Katya Ivanova Santos, Co-Founder & CEO da Assetflow, “não há impossíveis” e, atualmente, “há muitas ferramentas que facilitam a criação de empresas”. Apesar de a empresa que lidera ser uma tecnológica focada em open innovation, não tem competências, por exemplo, ao nível de código. “Temos de olhar para pessoas interessantes que possam ajudar a construir o nosso sonho. É preciso procurar pessoas diferentes e também mentoria”, defendeu.
Katya Ivanova Santos sugeriu ainda a organização de “mais eventos, wokshops, conferências” que juntem empreendedoras e líderes na área da tecnologia. Sobre este tema, seguiu-se um painel focado na construção de redes e comunidades de apoio ao empreendedorismo feminino. Teresa Lacerda, Founder & Managing Partner da Quinta da Vineadouro – Family Vineyards & Wine Hotel, integrou a primeira organização do género há cerca de 20 anos, sugerindo que as interessadas devem “procurar as que estão mais alinhadas com a missão e os valores” de cada pessoa, para ser possível retirar a melhor experiência.
Débora Silva, Co-Founder & Partner do Prémio Cinco Estrelas, explicou que o networking e as redes de contactos são sempre “um benefício”. “É conhecimento, é como ouvir um podcast ou ver um programa de televisão. Atrás disso, vem tudo o resto”.
Também no masculino se fez a sessão, com Rui Ferreira, Coordenador da Mendes Gonçalves Ventures, a alertar para as barreiras que as empreendedoras, normalmente, enfrentam: “Primeiro, é a decisão de avançar. Outra é o ‘vale da morte’. À primeira vicissitude, as mulheres são as primeiras a desistir. Não tenham medo. Existe rede, apoios e financiamento. Nunca como hoje”, assegurou.
A fechar a tarde, Cátia Sá Guerreiro, Professora da AESE e moderadora deste painel, quis deixar uma palavra de confiança à audiência: “A mentoria pode mesmo ser um caminho. Aprendemos uns com os outros e podemos ser conselho e amparo”.