29/06/2020, Online
A Direção do Programa de Alta Direção de Empresas da AESE convidou o Chairman of the Board da Tap Air Portugal a integrar o PADE CEO Corner’s, a 29 de junho de 2020. Miguel Frasquilho aceitou o desafio e falou aos participantes sobre como “Gerir em tempo de Covid e no futuro”. “Não temos dúvidas de que vai ser diferente”, começou o orador.
“Nós estamos no meio de uma crise de saúde global chamada Covid”, que “tem causado duas fortes crises: desde logo a crise de saúde pública e também a crise económica e social.” Miguel Frasquilho referiu a propagação do covid a “uma velocidade e intensidade inusitadas um pouco por todo o mundo”, com “consequências dramáticas do ponto de vista humano”.
O número de infetados e de óbitos “também criou uma enorme crise económica e social”, com danos do lado da oferta e da procura, traduzidos numa quebra no fornecimento da supply chain e de falta de pessoal para operar. O convidado mencionou a aumento da taxa de desemprego e o apoio europeu em resposta à pandemia. No seu entender “a resposta Macro a esta crise deveria passado por Helicopter Money”, “empréstimos concedidos a fundo perdido.”
À semelhança do ocorrido com as suas congéneres, a TAP sentiu uma “enorme quebra na procura e um redimensionamento muito forte também. No final de 2019, a empresa tinha como tem hoje 105 aviões na sua na sua frota. Com a pandemia chegaram a estar todos grounded, todos no chão. Houve dias de não haver um único vôo. Para terem uma ideia, chegámos a ter perto de 400 vôos por dia e chegármos a operar, em abril, 5 vôos por semana – vôos para garantir a coesão do território. Vôos para a Madeira, para os Açores e para expatriados, previamente combinados. Transportávamos cerca de 17 milhões de passageiros, em 2019. A TAP era é maior exportadora nacional de serviços contribuindo fortemente para o desenvolvimento da economia dos portugueses. Como é evidente começámos a transportar muito menos passsageiros.”
Segundo Miguel Frasquilho, “esta pandemia resultou em impactos profundos a nível dos recursos humanos, com um layoff massivo”, chegando a abranger cerca de 90 % dos colaboradores. “O teletrabalho passou a ser uma regra em várias áreas da empresa”, “obrigando a uma profunda reorganização do trabalho”. Foi necessário garantir a proteção e a cibersegurança na utilização das tecnologias de informação. Face ao novo normal, o líder da TAP defendeu que “o Turismo e o setor da aviação terá de se ajustar”. O convidado consegue antecipar uma maior awareness financeira na procura. “Haverá preferência por destinos com menor densidade populacional, mais genuínos e típicos, sustentáveis. Haverá tambem um maior peso do turismo doméstico.”
Infelizmente, “podemos dar por certo que a recuperação vai ser lenta.” “A TAP a par de outras companhias será redimensionada.” Como é do domínio público, ”a TAP pediu apoio financeiro e estápendente de se atingir um acordo entre o acionista estado e o acionista privado. Uma vez que o acordo seja alcançado, “ a Tap tem um período para devolver o empréstimo de emergência até ao final do ano. Se não for capaz de devolver, a Comissão Europeia irá impor uma reestruturação, que todas as companhias de aviação irão sofrer.”
O Chairman of the Board da Tap Air Portugal concluiu a sua intervenção com uma tónica positiva, reforçando a ideia de que a TAP continuará a ajudar “Portugal a afirmar-se, ainda mais, como um verdadeiro gateway mundial”.
A esta apresentação seguiu-se um período de perguntas colocadas pelos participantes do PADE da AESE ao convidado.