Luís Cabral e Manuel Rodrigues inauguram Observatório de Economia & Finanças da AESE - AESE Business School - Formação de Executivos

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Luís Cabral e Manuel Rodrigues inauguram Observatório de Economia & Finanças da AESE

17/11/2022

Os Professores da NYU e do King´s College London respetivamente analisaram o contexto atual e as suas implicações para Portugal, num encontro dos Alumni Learning Program, que promete ter continuidade. A 1.ª sessão do ciclo teve lugar na AESE, em Lisboa, no dia 17 de novembro de 2022.


A ordem económica e política internacional tem sido posta à prova por tensões geopolíticas que aumentam a incerteza sobre o futuro próximo. Sendo um dos temas da agenda de líderes e executivos, o Agrupamento de Alumni da AESE convidou o Prof. Luís Cabral e o Prof. Manuel Rodrigues para fazerem uma análise das tendências, no âmbito do “Observatório de Economia & Finanças”.


Luís Cabral: “A economia não espacial favorece o País enormemente”
“Para pensar a economia portuguesa nos próximos 50 anos, é preciso pensá-la no últimomeio século.” O Professor de Economia na New York University Stern School of Business (EUA) e na AESE Business School advoga que, em comparação com o crescimento económico norte-americano, em 2001, Portugal registava “um atraso de 21 anos”. “Atualmente, é de 31. Estamos a crescer pouco.” Apesar disso, “estamos muitíssimo melhor do que estávamos e encontramo-nos ao nível da economia e de bem-estar dos EUA, nos anos 80, com Ronald Reagan”. As causas ficam a dever-se a vários fatores, que segundo a leitura de Luís Cabral, podem ir desde a “pouca flexibilidade do mercado de trabalho” ao “setor público produtivo que absorveu muito do crédito que podia ter sido atribuído a empresas privadas”; junte-se ainda que o setor público administrativo tem captado muitas pessoas e muito talento, muito dinheiro e muitos impostos”, entre outras variáveis. “Este é talvez o lado menos positivo da história de Portugal, nos últimos 50 anos.”

Todavia, o Prof. Luís Cabral fez questão de sublinhar a diferença que encontra na estrutura económica portuguesa. Em 1974, o INE registou o setor agrícola como o maior setor económico, em termos de população. “Neste momento, são menos de 5%.” Hoje, “a economia portuguesa é uma economia de serviços. Esta é uma tendência global que Portugal acompanhou, creio eu, de uma forma mais rápida do que a maioria das economias desenvolvidas.”
Para Luís Cabral, há boas notícias. “Ao falar de Economia, temos de falar de Pessoas” e para o Professor, na economia portuguesa houve “uma enorme explosão de capital humano”. “No espaço de uma geração, quadruplicamos o número de pessoas no ensino superior.” Agregue-se “o programa mais impactante que a EU nos trouxe: o Erasmus”, na “geração Euro, a 1.ª geração verdadeiramente europeia”. “Há muitas razões para ser pessimista em relação à perspetiva económica do país. Este, para mim, é um motivo que me deixa otimista”.

“Portugal tem um futuro bastante risonho.” “Continuamos com uma economia que é cada vez mais de serviços, num mundo mais globalizado e digital. Fala-se muito da economia não espacial, na qual as pessoas não têm de viver no sítio onde trabalham, podendo residir onde quiserem. Todas essas mudanças favorecem o país enormemente”, podendo ser “a Califórnia” ou “a Florida” da Europa. “Há uma grande concentração de capital humano muito virada para a tecnologia e, com o aumento da esperança média de vida, verifica-se uma procura de uma morada com um bom sistema de saúde, num país com uma população muito educada e hospitaleira”, como Portugal. “Temos infraestruturas e proximidade da Alemanha, Noruega e Inglaterra. Temos espaço e um clima ótimo.” Para quem pretende fazer negócios, “estamos num dos melhores fusos horários do mundo, podendo fazer negócio com a China e com a Califórnia”.


Manuel Rodrigues: “A solução para Portugal está em cada um de nós”
Pegando na reunião do G20, subordinada ao tema “Recover together, recover stronger”, o Professor Manuel Rodrigues propôs refletir na subida da inflação. “Atualmente temos um mundo com muita inflação e muito crescimento, e também com mais endividamento.” “Vive-se um fenómeno de grande volatilidade”, de acordo com o Professor de Financial Management no King´s College London e orador na AESE Business School.

Depois do confinamento e da injeção histórica de liquidez na economia, a inflação foi aumentando progressivamente. A reversão da política monetária contatou-se, já depois da eclosão da guerra na Ucrânia.

O Professor alega que “o mundo está a crescer fortemente, mas com tendência de abrandamento. Tivemos sucesso nas políticas de resposta à crise pandémica”, todavia, agora é necessário agir. Olhando para o caso do Brasil, mais habituado a lidar com taxas de inflação elevadas, assiste-se ao Banco Central monitorizar a preocupação do mercado e a aumentar as taxas de juro para conter a inflação. “Na Europa, queremos evitar também a fragmentação financeira.”

Manuel Rodrigues é peremtório ao afirmar que “num ambiente de guerra não há soluções, até se encontrar paz.” “Depende de nós garantir que a Rússia e a Ucrânia se sentem à mesa de negociações. Com a guerra a decorrer e o contexto económico, é muito difícil conseguirmos alguma prosperidade e estabilidade.

O vencedor do prémio King’s Education Awards 2022 para Educação Inclusiva no King’s College London lançou o desafio de se pensar sobre “que atitude é que nós, sociedade europeia e global, podemos manifestar como nossa vontade absoluta de incentivar as partes a encontrar a paz? Nós temos um papel a desempenhar, porque temos sido patrocinadores” da mesma. Na verdade, “só haverá entendimento se soubermos evitar juízos de valor”.


Depois desta intervenção, foi a vez de se dar voz aos participantes no encontro dos Alumni Learning Program e abrir-se espaço para o debate com os oradores convidados.

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