Mulheres bússola, na Família, no emprego e na sociedade - AESE Business School - Formação de Executivos

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Mulheres bússola, na Família, no emprego e na sociedade

24/05/2022

“Não tenho nada para ensinar, mas sim aprender com todas vós”, apresentou-se assim Isabel Sánchez, dirigente do conselho de mulheres que presta assessoria ao prelado do Opus Dei, e que assume que todas as mulheres podem ter um papel de peace makers, no contexto em que atuam.”

O AESE Women Leaders’ Forum convidou-a não só pelo cargo de liderança feminina que ocupa – e que é o de maior projeção dentro desta instituição católica-, mas por ser também autora do livro “Procurar o norte num bosque de desafio”.

De nacionalidade espanhola, reside em Roma há mais 20 anos. Foi aos 50 anos, que aceitou o desafio de redigir o seu primeiro livro, baseado em reflexões e histórias de mulheres extraordinariamente comuns e inspiradoras. Com o propósito primeiro de “criar diálogo” e último de fomentar o encontro com “o Pai amoroso”, “Procurar o Norte”, é uma obra para homens e mulheres do mundo que encontram no jogo da razão e das emoções a forma mais capaz de ser líder de si e dos outros, e de “liderar com impacto”.



A génese do livro
O projeto surgiu em maio de 2019, quando a Editorial Planeta / Espasa contactou Isabel Sanchéz para lhe propor “escrever um livro dirigido à mulher de hoje”. Conta a autora que aceitou o repto “e o projeto entra na minha vida com um pacto: meia jornada laboral e fins-de-semana comprometidos; e bloqueada durante 9 meses a agenda de viagens. O livro sai no dia 25 de agosto de 2020, no meio da crise sanitária mais grave vivida até agora a nível global: a pandemia provocada pelo COVID-19.” E confessa ter sido um acelerador de competências, que de outra forma tardaria muito mais a desenvolvê-las.

Nesta jornada foram várias as lições aprendidas, nomeadamente a de que “Pode-se chegar a mais. Estamos feitos para chegar a mais. É bom ter ambição e propor-se objetivos altos. Convém sair da zona de conforto. O trabalho prévio trouxe-me uma grande riqueza no momento de escrever. Ao mesmo tempo, pude adquirir uma série de competências de que precisava e que este projeto acelerou. Não teria podido fazê-lo sem o alento, o apoio, o compromisso e a disponibilidade de toda a equipa que trabalha comigo.” Isabel Sánchez tomou a resolução de incluir neta aventura “as pessoas que me estão confiadas, que dirijo”, e fazê-las “crescer”, o que também implica “deixar que se “metam em confusões””.



O trabalho, o cuidado e a liderança
“Fazer mais nossos os desafios deste mundo enche as nossas vidas de um olhar transcendente e dota de propósito o nosso próprio trabalho.” A oradora identificou 3 dos 10 desafios patentes no livro: “o trabalho, o cuidado e a liderança, porque para mim supõem o miolo, o sumo, o ponto crucial da proposta.”

Tendo como substrato comum serem desafios da nossa época, “o avanço da inteligência artificial ameaça deslocar-nos. Temos que inventar empregos cheios de sentido, que reforcem a nossa identidade, cheios de sentido e que nos permitam contribuir para a construção de um mundo melhor.” “Quando nos propõem um autodesenvolvimento individual e matam as nossas relações; não nos permitem cultivar vínculos nem cuidar dos que mais amamos. O trabalho pode converter-se no nosso pior inimigo. O desafio passa por guiá-lo até uma era da integração: primazia da pessoa, entendida como uma unidade; maior flexibilidade; maior sentido transcendente, que nos tire do “curto-prazismo” e da produtividade como o único ponto de vista valorizado.”

“Cuidar dos que nos cuidaram e os que amamos é a ação mais nobre que podemos realizar como seres humanos. Durante séculos, esse cuidado recaiu de modo quase exclusivo nas mãos das mulheres. Com a sua nova posição no mundo laboral, a tarefa torna-se mais difícil. Por outro lado, começa a manifestar-se de modo cada vez mais claro que neste campo é necessária a corresponsabilidade dos homens. E de facto, já existe esta consciência em muitos homens nos países mais desenvolvidos.” “Os desafios anteriores mostram que nos encontramos perante uma encruzilhada: ou nos situamos na era tecnológica, da mera produtividade, onde triunfa a perfeição implacável e todo o resto se descarta, ou aprendemos a construir a sociedade dos cuidados, onde se conta com a vulnerabilidade, a fragilidade como elementos que inclusivamente podem ajudar a construir coisas grandes.”

“Na prática, pode predominar uma liderança “curto-prazista”; uma liderança centrada na consecução de objetivos e metas, muitas vezes à custa das pessoas.” Há que “desenvolver e ampliar uma liderança integrada e integradora, inovadora, colaborativa, inclusiva e transcendente”, segundo a assessora do Opus Dei.



Os casos de “mulheres bússula”
Num tempo de imediatismos, é de uma “importância primordial identificar os nossos valores vitais, para definir a nossa missão”.
“Para redigir o livro, tive conversas inspiradoras e entrevistas com mais de 80 mulheres. O fruto desse trabalho são as 70 histórias propostas no livro.
Trata-se de uma galeria fotográfica de mulheres que se propuseram ser melhores elas próprias e – de modo consciente ou inconsciente – melhorar o seu ambiente. A estas mulheres chamei-lhes “mulheres bússula”: alguém que chega a ser ponto de referência para os outros, aponta o norte, marca o caminho e acompanha em direção à meta. O amor pelo que amam e a dor que traz consigo manter esses amores, tira delas uma coragem, uma tenacidade, uma delicadeza e uma força excecionais. Que essa força de propulsão suponha uma verdadeira ascensão pessoal, sustentável e consistente, e não termine numa quebra, depende da eleição desses amores. Quando aquilo que está no centro da nossa vida é o cuidado das pessoas, o norte fica bem fixado. Este trabalho de “nortear-se” vai ser chave para a nossa transformação pessoal e para a posterior transformação laboral e social.”

No evento, Isabel Sanchéz fez saber o caso de três mulheres, que do seu jeito, conseguiram deixar uma marca indelével na vida das pessoas que tocaram.



AESE: há 40 anos a formar Líderes bússola
“Penso que na AESE encontram um húmus cristão que revaloriza a liderança como serviço, o brilho da liberdade unida à responsabilidade, e o compromisso com a pessoa singular”, referiu Isabel Sánchez, dirigindo-se às dirigentes e executivas, Alumnae da AESE,. “O cristianismo tem uma tradição de cuidado, que soube encarnar em iniciativas concretas e nas culturas. Beber desta fonte – quer tenham esta fé ou não – pode enriquecer muito a vossa carreira. Também nos ensinamentos do Papa Francisco e de São Josemaria Escrivá de Balaguer, inspirador deste centro educativo, podem encontrar elementos muito válidos para adquirir um olhar transcendente da vossa profissão e da vossa missão.”



No final da sessão, as participantes puderam colocar as suas dúvidas à oradora convidada, que respondeu com a clareza e o sorriso que lhes são característicos.

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