29/04/2021
A “explosão da Internet” deu um novo rumo aos Media. Para falar sobre a mudança que a indústria mediática tem sofrido, o Agrupamento de Alumni da AESE convidou Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa, a maior empresa de comunicação social em Portugal, como orador na conferência sobre “Media: o presente e o futuro”. A sessão decorreu no dia 29 de abril de 2021, em formato online, para uma audiência de 150 antigos alunos, que se mostraram muito participativos e interessados no tema.
A crescente oferta de informação, os custos de produção cada vez mais baixos e o processo de digitalização são um facto incontornável, que caracteriza o contexto atual. Todavia, a procura de conteúdos profissionais, com qualidade e credibilidade, é um desafio contemporâneo.
Sendo “The data the new oil”, a Google, a Apple, o Facebook e a Amazon, que em conjunto se designam pela sigla GAFA – constituem os grandes players mediáticos, cujas políticas de gestão de data têm levantado vários dilemas éticos. A publicidade que antes garantia a subsistência dos media tradicionais hoje é canalizada para estas entidades que ditam as regras do jogo. Como “gatekeepers no mundo online”, o GAFA tem criado um monopólio de atuação: no qual controlam e concorrem com as suas plataformas, engrandecendo extraordinariamente o poder económico que detêm.
Segundo Francisco Pedro Balsemão, a regulação do setor urge, na medida em que os algoritmos das redes sociais tendem ameaçar a democracia. Apesar da preocupação, o convidado demonstrou otimismo quanto a esta matéria, já que Bruxelas tem manifestado estar com este assunto em agenda.
Focando no exemplo do Grupo Impresa, Francisco Pedro Balsemão explicou a razão de usar a expressão “estratégia omnicanal” para chegar aos vários segmentos de audiências. A desintermediação que o digital aportou ao mundo dos meios de comunicação social não pode ser ignorado e deve ser estudado, a fim de ir cada vez mais ao encontro dos utilizadores. Há que olhar para a “vantagem e a oportunidade da ubiquidade do digital”; esta concorre com a rigidez dos formatos tradicionais dos Media, no que respeita a conteúdos, ao contexto e à conjuntura. A tendência para a complementaridade permite ao público gerir a “Freedom of choice” e a “Freedom from choice”, enriquecendo a experiência de consumo.
O líder do Grupo Impresa, desde março de 2016, encontra como fatores de sucesso nos Media, a qualidade e o profissionalismo, a forma das marcas, a presença omnicanal, a atenção ao “direct to consumer”, a inovação tecnológica… apesar do “conteúdo continuar a ser rei”.
Importa antecipar as tendências. Sendo o Grupo Impresa cotado em bolsa, tem de gerar lucro. Contudo, acresce, que a sustentabilidade e saúde financeira garantem a sua independência. “Se os Media forem frágeis economicamente, mais facilmente se tornarão reféns de poderes que agiriam de forma impune e incorrecta”. É um rumo necessário para a manutenção da democracia. Francisco Pedro Balsemão partilhou a sua opinião sobre a necessidade de haver maior fiscalização das fakenews de forma a agir criminalmente contra os autores de atos que ilegais, a mesma maneira que deve haver uma sensibilização pedagógica da sociedade para estancar aquilo que entende ser uma “praga”.
À apresentação de Francisco Pedro Balsemão seguiu-se um momento de debate, em que os Alumni AESE viram as suas perguntas respondidas pelo orador.