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Observatório analisa o mundo multipolar e o estado social
18/03/2025
Dados os factos recentes que têm impactado a Economia global, o Agrupamento de Alumni da AESE organizou mais uma sessão do Observatório de Economia e Finanças, com os Professores Manuel Rodrigues e Luís Cabral.
As perspetivas financeiras para o futuro próximo foram objeto de estudo no encontro, que contemplou os efeitos da instabilidade geopolítica sentidas, as pressões sobre as finanças públicas e os sistemas de proteção social que vão proliferando, a nível internacional. Portugal enfrenta ainda um problema de envelhecimento populacional, das necessidades crescentes na segurança social e a ambição de um crescimento económico sustentado.
Perspectivas de Crescimento Global
Manuel Rodrigues, Senior Lecturer em Gestão Financeira no King’s Business School, fez uma análise das perspetivas económicas globais e da atual política monetária conduzida pelos Bancos Centrais. Destacou o elevado nível de endividamento das economias desenvolvidas, “em muitos casos, acima de 100% do produto interno bruto”. Segundo o professor, Portugal deve continuar o esforço de redução da dívida pública e já não está entre os países mais endividados da Europa — não só porque tem vindo a reduzir o seu nível de endividamento, mas também porque várias economias europeias viram aumentar a sua dívida pública.
As economias desenvolvidas, acrescenta, têm pouco espaço orçamental para suportarem mais despesa. O professor considera ainda que o combate à inflação tem sido um processo mais lento do que desejaríamos, mas está hoje mais próximo do seu objetivo.
Um Mundo em Transição: Crescimento e Convergência
A incerteza permanece uma constante. Do ponto de vista macroeconómico, “o mundo enfrenta um novo paradigma de crescimento” que, com a convergência das economias emergentes, se espera que venha a abrandar. Ainda assim, “A distência entre o PIB per capita dos EUA e da China é semelhante à que existe entre a Índia e a China.” Prevê-se ainda que, a partir de 2040/50, a população global comece a diminuir também em vários países emergentes.
Com a convergência das economias emergentes, combinada com uma população muito mais elevada, a Ásia já é, em paridade de poder de compra, o continente com o maior Produto Interno Bruto. Por outro lado, o bloco europeu precisa revitalizar a sua economia, uma vez que a Europa é hoje o continente com menos crescimento.
O professor Manuel Rodrigues terminou com uma análise da confiança dos consumidores e dos investidores nas economias avançadas e emergentes, traçando um retrato para 2025. Rematou num tom otimista: “Contra os nossos receios mais profundos”, a vulnerabilidade atualmente sentida evidencia antes a necessidade de prudência nas decisões de gestão que se aproximam.
O Estado social do século XXI
Luís Cabral, Paganelli-Bull Professor de Economics and International Business na NYU Stern, fez incidir a sua apresentação sobre o Estado social do séc. XXI. O conceito datado dos anos 40 reflete um contraste evidente entre Portugal à data e o atual. Para isso, contribui a inversão da pirâmide demográfica – que reflete a redução da taxa de natalidade e o aumento da esperança de vida-, e os vários fluxos migratórios registados. O Professor fez notar também que, apesar do índice de pobreza atual, o PIB per capita aumentou significativamente em Portugal, nos últimos anos.
A destruição de postos de trabalho está a ser transformado muito rapidamente, criando-se novos empregos. As relações contratuais serão cada vez mais ténues e um emprego estável ao longo da carreira será cada vez menos uma realidade.
O Professor Luís Cabral apontou algumas soluções para a realidade portuguesa presente, aludindo à Segurança Social, à solidariedade social, à poupança, à contribuição empresarial, à flexibilidade da idade de reforma e a possibilidade de recurso a opções de financiamento.
Às exposições dos oradores, seguiu-se um período de perguntas e respostas colocadas pelos participantes na sessão em regime presencial e remoto.