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Magda Matos

Especialista em Controlo de Performance no Aeroporto de Lisboa, na ANA – Aeroportos de Portugal

Hábil a conciliar o mundo corporativo com a responsabilidade social, Magda Matos, que tem a seu cargo o Controlo de Performance do Aeroporto de Lisboa, assume a missão de “tornar o mundo melhor”. Participou na edição do One Step Ahead da AESE em 2021 porque procurava uma formação de liderança, com aplicabilidade no dia a dia. “O OSA transmite-nos conceitos e práticas que permitem introduzir pequenas mudanças com efeitos no imediato, que se espera virem a contribuir, no conjunto, para causas maiores.”


Quem é a Magda Matos?

MM: Em primeiro lugar, é alguém que se empenha em subir a fasquia da qualidade dos sítios por onde passa e dos projetos em que trabalha. Tanto em casa como nas instituições por onde fui passando, a nível de ensino e profissional, incutiram-me a responsabilidade de, na medida das minhas capacidades, tornar o mundo melhor.
Isso passa, em primeiro lugar, por uma busca constante de fazer as coisas com sentido de compromisso e verdade: naquilo que faço e nas relações que tenho. Esse propósito desperta a minha energia para ir ao fundo das questões, perceber o que está por detrás delas, como se interligam e o que fazer para encontrar melhores respostas. Tenho uma boa capacidade de planeamento e isso começa por mim própria: faço questão que um sim que dou a um pedido seja credível, porque valorizo muito a construção de relações de confiança e o cumprimento de prazos.
A minha formação é de Gestão e por isso tenho facilidade no mundo dos números, mas também nas letras (quase segui Direito). Mais importante, desmultiplico-me para ser disponível e cooperante. Está ainda na minha natureza fazer pontes entre diferentes temas e pessoas e ajudar a que as ideias se tornem realidade.


Quais são os principais marcos da sua trajetória profissional, que lhe permitiram chegar onde se encontra atualmente?
MM: Quando saí da universidade, comecei por trabalhar, cerca de três anos, na Ernst & Young, na altura, uma das multinacionais “big five”, (atualmente EY). Foi uma grande “escola” que influenciou sem sombra de dúvida a forma como ainda hoje desenvolvo o meu trabalho, nomeadamente em termos de espírito crítico e capacidade de antecipação. Permitiu-me ter experiências muito exigentes, diversificadas e enriquecedoras, não só a nível dos setores onde exerci atividade, que incluíram, desde o setor do Gás e da Eletricidade em Portugal ao setor diamantífero em Angola, bem como a nível humano. De seguida fui trabalhar para a ANA – Aeroportos de Portugal. Comecei por trabalhar na Direção Financeira vários anos e, a par do trabalho em diversas vertentes dessa área, fui desde logo chamada a participar em diversos projetos transversais da Empresa, o que me permitiu construir uma visão bastante alargada do negócio.
Destes, começo por destacar, pela sua complexidade, os trabalhos de privatização da ANA. Antes disso, a convite do Vice-Presidente à data, integrei a equipa de 11 quadros de áreas distintas que desenvolveu e concretizou o projeto de candidatura da empresa a “Great Place to Work”, cujo resultado foi a ANA ter sido reconhecida como uma das melhores empresas com mais de mil colaboradores para trabalhar
Tenho também trabalhado na área da sustentabilidade: comecei por ser selecionada para participar na 2ª edição do Programa Young Managers Team do BCSD Portugal (Business Council for Sustainable Development), participei ativamente na estruturação do então Conselho de Responsabilidade Social e Sustentabilidade da ANA, na elaboração de todos os Relatórios de Sustentabilidade publicados e em diversas iniciativas de relevo neste âmbito. Mais recentemente, fui Madrinha de um dos 15 projetos vencedores da primeira edição do Programa VINCI para a Cidadania.
Não posso deixar de referir o projeto de inovação que teve por nome “Aeroporto do Futuro”, de que liderei o desenvolvimento do respetivo business plan. Esse projeto, que teve como objetivo repensar as várias etapas do percurso do passageiro desde casa até à porta de embarque, inspirou algumas alterações relevantes entretanto implementadas no aeroporto. Tratou-se de uma equipa multidisciplinar em que, no meu caso, para além da liderança e da perspetiva económica, fui convidada a olhar para cada etapa na ótica do passageiro. Essa perspetiva exigiu a capacidade de pôr a dialogar diversas áreas e, com essa abordagem, obter um resultado consistente. Os benefícios colaterais foram ter-me apaixonado pelo mundo vibrante e complexo que são os aeroportos.
Mais tarde recebi um convite da Direção do Aeroporto de Lisboa que aceitei e com quem trabalho diretamente. A área de Controlo de Performance tem por finalidade otimizar o desempenho do aeroporto – “não se pode gerir o que não se pode medir” – ao mesmo tempo que estou envolvida numa série de outros projetos. Entre eles, contam-se a mobilidade sustentável no perímetro do aeroporto, tema que tem vindo a ganhar cada vez maior relevância, um projeto de prevenção de corrupção e a responsabilidade pela Newsletter da Direção. Esta Newsletter tem por objetivo dar a conhecer a todos os colaboradores tudo o que de relevante acontece no aeroporto. Se em circunstâncias normais é um instrumento de comunicação importante, nesta fase de pandemia, em que as pessoas têm estado fisicamente mais dispersas, tem sido fundamental para manter a ligação entre todos.


Dada a sua capacidade de “fazer a ponte” entre várias áreas, como é que surge a paixão do mundo empresarial lucrativo e o mundo das organizações sociais?

MM: Pode dizer-se que a vontade de partilhar o meu tempo e talentos com quem mais precisa é uma tradição familiar. Na casa dos meus avós maternos existia um anexo a que chamávamos a “escolinha” (era mesmo uma escola em miniatura), onde o meu avô, engenheiro de profissão, dava apoio escolar voluntário não só aos membros mais novos da família como também aos que mais precisassem.
Foi uma marca que passou para a minha mãe que, por sua vez, foi mais longe e desenvolveu por opção toda a sua atividade profissional num bairro social, na área da saúde. Não hesito em dizer que fez a diferença na vida de muitas pessoas. Eu própria comecei por fazer voluntariado muito nova nesse bairro e esse “bichinho” foi-me sempre acompanhando ao longo dos anos. Mais recentemente, fui convidada a integrar, em regime de voluntariado, a direção uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS). Estamos a falar de uma IPSS que serve mais de 120 crianças até à idade pré-escolar, de diversas nacionalidades e proveniências. A história repete-se: também aí contribuo mais ativamente na área financeira, mas também noutras matérias. Não sei se dou mais do que recebo, mas a sensação que tenho é que recebo mais do que dou, com o imenso que aprendo com esta realidade que me tira sistematicamente da área de conforto.


Nesse diálogo intersetorial, quais são os principais desafios que tem sentido?

MM: Em primeiro lugar, no caso da IPSS, o de ser presente e próxima numa realidade em que não estou fisicamente. A necessidade de transpor para aquela realidade uma série de temáticas para que estou sensibilizada também é um desafio. Numa instituição em que a maior parte dos recursos humanos têm uma formação muito homogénea, sem prejuízo de contar com pessoas muito competentes, há sempre espaço para introduzir melhorias. Felizmente tenho encontrado muita abertura por parte dos outros Membros da Direção, com formações muito distintas da minha e com quem também tenho aprendido muito, o que é meio caminho para o sucesso.
Outra componente importante, é a forma como se lida com a definição de prioridades. As duas realidades são orientadas para a excelência do serviço que prestam. No entanto, numa empresa de grande dimensão a orientação para o lucro está intrinsecamente presente e a perspetiva da sustentabilidade a longo prazo é visível. Numa IPSS a maior escassez de recursos conduz a que, por vezes, se esteja mais orientado para a gestão diária e o efeito de cada decisão no longo prazo não seja tão intuitivo.


Como é que surge o OSA no seu trajeto?
MM: O OSA veio responder à minha vontade, já de há algum tempo, de frequentar um programa de liderança, abrangente em termos de tempo e de valências. Sou exigente nas instituições que escolho para fazer formação, onde procuro que haja um retorno elevado entre o que dou e o que recebo. Já tinha frequentado alguns programas de curta duração na AESE e gostei muito da experiência e o OSA, mais extenso no tempo, pareceu-me corresponder ao que pretendia.
Tenho que dizer que houve desde o primeiro contacto um bom acolhimento de parte a parte e uma grande sintonia. Por isso, entusiasmou-me muito a ideia de participar.


Na fase da carreira em que se encontra, o network proporcionado pelo OSA traz-lhe vantagem?

MM: Sim. Diria mesmo que está a ter um impacto relevante nesta fase, não só da minha vida em concreto, como neste tempo de pandemia, em que se questiona tudo e há uma predisposição ainda maior para trabalhar a capacidade de adaptação e abrir horizontes.
O facto de estar a contactar nestas semanas com profissionais de outras empresas, de outras áreas, partilhar sobre como estamos a viver tudo isto, o que estamos a experimentar, como se está a dar a volta às situações, que perspetivas se vislumbram para o futuro… é essencial.


Recomenda o OSA da AESE?

MM: Sem dúvida nenhuma que sim. O que diria a qualquer potencial candidata que se questionasse sobre um programa de liderança no feminino era que não se assustasse com “a terminação” (foi uma pergunta que me fiz): é construtivo no sentido em que somos mulheres, com determinadas características, que há determinados aspetos que podem ser trabalhados, mas não há nada que não possa ser ouvido pelos homens.
É versátil, porque se abordam temas muito atuais, uns em que somos mais fortes e refrescamos e partilhamos conhecimentos, outros que temos a oportunidade de aprofundar nos painéis, nas conferências-colóquio e nos trabalhos de grupo. Sublinho também a vertente do mentoring, que senti como um espelho que reflete o ponto onde estamos e como uma bússola para nos orientar no futuro.
“O OSA transmite-nos conceitos e práticas que permitem introduzir pequenas mudanças com efeitos no imediato, que se espera virem a contribuir, no conjunto, para causas maiores.”


Quais as três lições que gostava de ter recebido no início da sua carreira e que pudesse transmitir às profissionais que estão agora a começar?

MM: Uma delas é que a nossa maior qualidade pode ser também o nosso maior defeito. Há que saber temperar, tal como acontece com um ingrediente num cozinhado. Pode ser fantástico, mas em excesso pode estragar.
A segunda é que quando os outros têm uma determinada atitude não é necessariamente com a mesma intenção com que nós teríamos. Não torna tudo aceitável, mas ter em conta que as pessoas não têm a mesma história nem a mesma maneira de ser que nós, ajuda-nos a relativizar comportamentos e a evitar algumas dores no caminho.
E a terceira é conhecer desde cedo a existência da síndrome do impostor. Há alturas em que nos fazem desafios inesperados e a primeira tendência é pensarmos que estamos aquém. Contudo, se tivermos, por um lado, confiança em nós próprios e, por outro, a consciência que, se alguém nos convida, é porque reconheceu em nós o perfil requerido para o lugar, teremos maior capacidade de discernimento.


Sempre conseguiu conciliar bem o trabalho e a família, ou foi uma competência que foi adquirindo ao longo do tempo?

MM: Desde cedo aprendi a fazer uma boa gestão do tempo, por sempre ter tido muitas atividades para além da escola (além do voluntariado também estudei música, que tem também um papel importante na minha vida, e que me exigiu grande disciplina e capacidade de planeamento). Se eu souber o que se espera de mim, consigo facilmente definir prioridades, organizar-me e fazer tudo em tempo útil. As dificuldades geralmente surgem quando sou surpreendida com várias urgências-importantes com o mesmo prazo. Nessas alturas, justiça seja feita: a família e os amigos têm tido um papel fundamental, ao libertar-me de algumas tarefas de modo a garantir a disponibilidade necessária para quem mais precisa.

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