Paula Albuquerque - AESE Business School - Formação de Executivos

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Paula Albuquerque

Diretora de Global Market Access Immuno – Rheumatology da UCB

Alumna do Executive MBA AESE

A negociação do Preço e da Comparticipação de um medicamento novo que salvava vidas foi determinante para o percurso profissional que Paula Albuquerque traçou para si. Diretora de Global Market Access Immuno – Rheumatology da UCB, cedo chamou a si a missão de “transformar o mundo, garantindo o acesso democrático a medicamentos e a cuidados de saúde.

Frequentou o Executive MBA AESE e recebeu o seu diploma, em 2011. Ao planear os próximos passos da sua carreira, pretende “continuar a crescer, eventualmente para uma função de executivo de topo numa empresa e, futuramente, estabelecer-se como a Thought Leader em Global Patient Access and Pricing.



Quem sou eu e como me tornei naquilo que sou hoje
Ainda me lembro dos meus primeiros projetos como consultora, após terminar a faculdade. Estávamos em  2005, quando conduzi a negociação de Preço e Comparticipação para um tratamento novo que salvava a vida de crianças que padeciam de um tipo de cancro de sangue muito específico. No fim, a comparticipação foi recusada. Eu fiquei tão chocada com a decisão, que a sensação de frustração associada, incitou-me a apostar na crença e na missão de transformar o mundo, garantindo o acesso democrático a medicamentos e a cuidados de saúde.

Concentrei o foco do meu trabalho, enquanto cientista e senior executive no setor farmacêutico, nos doentes com necessidades não atendidas, em estado grave ou em risco de vida, para as quais a ciência continua a investigar um tratamento melhor ou a cura. Na prática, isto significa que o meu trabalho está intimamente relacionado com a investigação de princípios ativos, estratégias comerciais e de distribuição aos pacientes, a fim de criar soluções para desafios futuros, assim como desenvolver oportunidades inovadoras para o mercado, acessíveis, na medida em que a relação preço/medicamento para um ecossistema particular – doentes, cuidadores, sistemas de saúde e Estado – seja inteiramente considerada.
Portanto, mais do que a comercialização e criação de eventos críticos para o mercado, o propósito do meu trabalho consiste em preparar o caminho para a adoção responsável de novas soluções de saúde, quando as inovações são lançadas, e para o financiamento universal, de forma a que todos os doentes que podem beneficiar sejam abrangidos.
Desde o primeiro projeto, a experiência tem sido frutífera, com muitas notícias positivas para os pacientes e para as suas famílias.


Quais os principais marcos na sua trajetória profissional, que contribuíram para chegar à posição na qual se encontra?
Há 3 marcos principais na minha trajetória professional, que me conduziram à minha posição atual, como Diretora de Global Market Access for Immuno-Rheumatology na UCB Biopharma.

Em primeiro lugar, é a perspetiva de negócio adquirida através da formação. O Executive MBA AESE aconteceu num momento crucial da minha carreira. Na verdade, representa 2 anos de estudo e dedicação, mas também uma oportunidade de me expor a uma diversidade de maneiras de pensar, partilha de conhecimento e network. O Executive MBA AESE permitiu-me desenvolver um perfil diferenciado e iniciar a transição de responsabilidades de natureza técnica para a gestão. Proporcionou-me os alicerces para desenvolver a minha proficiência nos negócios e adquirir reconhecimento no terreno, para além das capacidades técnicas e competências obtidas com o Doutoramento em Farmácia e o Mestrado em Economia da Saúde. Deixa ainda uma forte sensação de realização pessoal, depois de decorridos 11 anos. De um ponto de vista mais pessoal, existe uma amizade que perdura. Os colegas, os professores e os mentores permanecem comigo até à data.
Em segundo lugar, são os 17 anos de experiência na Indústria Farmacêutica com um tract record em Global Market Access and Pricing. Neste período, foquei-me em reduzir a lacuna existente entre a ciência e as estratégias de Go-to-Market centradas no paciente. A exposição a uma variedade de áreas de negócio, necessidades, objetivos e equipas internacionais, estão provavelmente a fomentar a minha transição de um lugar de gestão para um de direção.
Em 3.º lugar, considero que é a exposição prática à indústria farmacêutica e de consultadoria a nível internacional, multilingue e multicultural, e por ter vivido no Reino Unido, Espanha e Bélgica.


Quais foram as suas principais conquistas?
As minhas 4 maiores conquistas no terreno foram:

  • Alavancar uma experiência robusta na área da imunologia para conceber uma carteira de produtos e estratégias integradas; envolver e liderar uma equipa de especialistas; e conduzir a Estratégia de Acesso ao Mercado (isto é, o preço e a comparticipação de medicamentos) e a sua implementação a nível global.
  • Aplicar a expertise sobre o tema, a fim de criar um caso de negócio e influenciar com sucesso os decisores corporativos a investirem numa fase avançada no desenvolvimento clínico, que oferece uma nova esperança aos doentes que padecem de doenças raras específicas, criando a oportunidade de estabelecer novas áreas de negócios para a companhia.
  • Conduzir uma avaliação de risco em I&D e desenvolver um plano de mitigação de risco de Acesso ao Mercado e de Preço, com o objetivo de sustentar a priorização e a implementação de uma pipeline comercial.
  • Dirigir esforços de desenvolvimento de negócios através da criação e da manutenção de relações profissionais com líderes executivos chave nos EUA, UE e nos mercados internacionais.


Quais as principais lições que a tornam a dirigente que é hoje?
A vida e o bem-estar são tão importantes como o trabalho e a carreira. É fácil adiar ou esquecê-lo. Todos temos agendas ocupadas, projetos ambiciosos e objetivos de carreira. Desenvolver outros aspetos da vida, ter outros interesses e, principalmente, sermos cuidadosos com o nosso bem-estar é de extrema importância. No último ano e no presente, sinto que a nova configuração no trabalho, com os limites menos definidos entre a vida pessoal e profissional, nos desafia a sermos mais proficientes de modo a encontrar este equilíbrio. Evidentemente, as necessidades são diferentes para cada um de nós, mas planear um tempo de qualidade fora da atividade profissional, também se repercute no sucesso da carreira e dos negócios.
Há decisões e próximos passos que podem ser orientados pelo instinto (intuição); há outros que requerem ponderação e outros a que temos simplesmente de abdicar. Isto é particularmente relevante para se ser assertivo e potenciar o foco nos prazos e nos recursos nos negócios, que carecem de um processo de reflexão amadurecida para se alcançar o sucesso. Por exemplo, sempre trabalhei em empresas de inovação de base, nas quais o tempo de colaboração, as formas de pensar distintas, os think-tanks e as sessões de design thinking eram tão importantes quanto a finalização de projetos, atingir as metas e tomar decisões. Portanto, como líder de equipa, é importante desenvolver esta capacidade de  triagem, de se ser assertivo com uma mentalidade orientada para a solução. Ajuda a focar e a ganhar espaço para a criação de propostas de valor diferenciadas no negócio.
O poder de aprender, exercitar e estudar. Acredito que, enquanto líderes, temos um papel que vai para além do negócio. Temos também a responsabilidade como coaches, mentores e aprendizes. O poder da diversidade dentro das nossas equipas é incrível e é o recurso mais valioso para o crescimento pessoal e profissional. Ultrapassa a academia, os livros e as notícias que lemos.


Quais os valores pelos quais se rege e que transmite às suas equipas?
A autoconsciência acerca de quem somos e do nosso sistema de valores é muito relevante. A integridade e a Família representam o topo da hierarquia deste sistema.
Integridade: é muito importante em todos os aspetos da minha vida. Quer pessoal quer profissionalmente, todas as decisões e ações são baseadas em padrões elevados de respeito, de moral e de princípios éticos. Sou uma apreciadora do descanso, sendo por isso muito importante deitar a cabeça na almofada e usufruir de uma noite agradável e tranquila.
Família: representa o amor autêntico, a estabilidade e a fortaleza que me permitem a cada novo dia recomeçar e fazer melhor. São a minha inspiração e o meu porto seguro, enquanto vivia no estrangeiro, afastada de todos os meus entes queridos que ficaram a viver em Portugal.
Depois, Felicidade, Sucesso e Flexibilidade seguem-se como valores igualmente significativos.
Para as equipas que dirijo, estes são os valores que procuro transmitir e, curiosamente, eles reconhecem-nos. Torna-se fácil, quando nos dão feedback. Eu acredito que seja importante criar este ambiente propiciador, flexível e aberto nas empresas, de modo a que as pessoas possam ser autênticas e a sua melhor versão. Liderar pelo Exemplo é, definitivamente, o estilo de liderança com o qual me identifico melhor.


Se pudesse recuar no tempo, o que faria diferente?
Estou muito contente, grata e orgulhosa por tudo o que alcancei profissionalmente. Sou uma entusiasta com o meu trabalho e não alteraria nada neste percurso. Um dia, um amigo disse-me que o meu trabalho era silencioso mas impactante. E é verdade. Existe um manancial de conhecimento que precisa  de ser considerado, para sustentar a negociação no acesso a novas terapêuticas. Todavia, em 17 anos de carreira, já contribuí para que muitos pacientes em diferentes países, pudessem ter acesso a medicamentos inovadores que mudaram as suas vidas. Estou muito grata pela oportunidade de continuar a contribuir neste sentido.
Talvez, o que fizesse de maneira diferente fosse prestar mais atenção à minha saúde e bem-estar, sobretudo nos últimos anos, ao assumir responsabilidades mais elevadas; de facto, nem sempre esteve no meu radar, mas agora também passou a constar da minha agenda profissional.


Profissionalmente, como se vê daqui a 5 anos?
Esta é uma pergunta difícil: ninguém sabe. Porém, é fundamental planear. Eu penso que existe uma grande adequação entre a minha missão e a minha trajetória profissional até à data. Gostaria de manter esta consistência. O plano é continuar a crescer, eventualmente para uma função de executivo de topo numa empresa e, futuramente, estabelecer-me como a Thought Leader em Global Patient Access and Pricing.

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