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Por uma educação que transforma os filhos na sua melhor versão
23/01/2025
“Sou uma pessoa extremamente privilegiada.” Luísa Sá, membro da Direção do Colégio Horizonte – uma instituição de ensino privado ‘single-sex’ – foi uma das palestrantes do almoço-debate do AESE Women Leaders Forum, que teve lugar no Porto. O evento, intitulado “Transformar pela Educação: Vozes Femininas no Ensino”, ocorreu no dia 23 de janeiro de 2025, reunindo um público feminino composto por Alumnae da AESE.
Numa entrevista realizada à margem da sessão, que teve como objetivo destacar as vantagens dos diferentes modelos de ensino – público, privado misto e unissexo –, Luísa Sá partilhou com a AESE que se considera “uma pessoa extremamente privilegiada”, agradecendo pelo “apoio incondicional” da sua “maravilhosa família” nas suas escolhas profissionais que tem feito.
O que a cativa no ensino?
LS: “Porque é algo profundamente transformador e impactante, quer na vida individual de cada pessoa, quer na sociedade como um todo. A educação muda realmente o mundo, para pior quando há falta de investimento ou de princípios orientadores sólidos, para melhor quando se potenciam ao máximo todos os talentos individuais em prol do bem comum. Dedicar-me ao ensino é acreditar nesse poder transformador pela positiva, uma pessoa de cada vez.”
Quais os benefícios do ensino privado unissexo?
LS: “Esta pergunta são, na verdade, duas perguntas! Os benefícios do ensino privado, em Portugal, enquadram-se no tema da liberdade em educação. Só há liberdade quando há escolha e só há escolha quando há diversidade. Infelizmente, no nosso país, tal como acontece noutras áreas da vida dos cidadãos, esta liberdade está limitada por condicionantes financeiras e geográficas. É urgente a coragem para falar com profundidade sobre este tema!
Os benefícios do ensino ‘single-sex’ (privado ou público) são benefícios pedagógicos. Não é por acaso que, por esse mundo fora e de forma sistemática, este modelo pontua sempre acima em termos de resultados (quer estritamente académicos, quer ao nível das soft skills). É fácil compreender porquê! Perante um grupo muito mais homogéneo ao nível do perfil de desenvolvimento e de aprendizagem, potenciam-se abordagens totalmente personalizadas, capazes de dar resposta a necessidades específicas, que, em muitos aspetos, são até contraditórias em contexto misto, ficando quase que inviabilizadas por natureza.
Acima de tudo, um contexto ‘single-sex’ é profundamente livre, porque sem estereótipos. Numa escola single-sex, o melhor aluno a física ou a futebol é mesmo uma rapariga. O melhor aluno a escrever poesia ou no cuidado aos outros é mesmo um rapaz. É fascinante como os “gender gaps” que tanto nos preocupam desparecem naturalmente!
Como mulher, quem é a pessoa que mais a inspira, a nível de educação?
LS: “A minha maior inspiração (com impacto real na motivação e resiliência diárias) são os Pais Fundadores dos Colégios Fomento. Depois de percorrer muitos e diversificados contextos educativos, quando conheci os Colégios Fomento fiquei fascinada, um fascínio que persiste depois de mais de 20 anos! Não conheço mais nenhum projeto educativo tão completo e com um potencial transformador tão potente! O que é mais incrível é que este projeto não nasce de um grande investidor ou de uma grande empresa. Nasce de um conjunto de Pais que, com todas as dificuldades da rotina que conhecemos, decide sonhar algo maior para os seus Filhos, do zero! Um sonho grande de Famílias para Famílias, em que cada Mãe e cada Pai sabe que os seus Filhos crescerão para ser a sua melhor versão! Quando penso nestes Pais Fundadores, só me ocorre aquela famosa frase de Newton: “If I have seen further it is by standing on the shoulders of Giants”.”
O que gostava de ter aprendido como aluna e que teria feito toda a diferença na sua trajetória profissional, pessoal e familiar?
LS: “Talvez condicionada pelo facto da minha área de investigação incidir nas respostas pedagógicas diferenciadas por sexo, olhando retrospetivamente, identifico claramente dificuldades e fragilidades intrinsecamente femininas, relativamente às quais tive muito pouco ou nenhum apoio, apesar de ter encontrado bons professores pelo caminho.
Há realmente uma grande “cegueira pedagógica” relativamente às diferenças entre os sexos. Faltou essa consciência, primeiro passo para se desencadear a mudança e o crescimento. A educação de excelência trabalha o autoconhecimento e, na maioria dos casos, fica a faltar uma componente essencial deste pilar central da inteligência emocional, que é o aluno ou a aluna compreender como a sua identidade masculina ou feminina tem realmente impacto no seu percurso.
Este trabalho foi algo que fiz posteriormente, mas que teria feito a diferença se tivesse acontecido antes. É algo em que investimos muitíssimo com os nossos Alunos, e que podemos fazer bem, por termos este privilégio de trabalhar com grupos ‘single-sex’.
O que pensa sobre a network criada pelo AESE Women Leader’s Forum?
LS: “Também ao nível do networking, as realidades masculina e feminina são muito diferentes, desde as motivações de base aos propósitos passando pela forma se organizam. Do que conheço da network criada pelo AESE Women Leaders Forum, parece-me uma dinâmica muito alinhada com necessidades especificamente femininas, claramente desbloqueando fragilidades e potenciando pontos fortes.
Qualquer rapariga e qualquer mulher de sucesso sabe que as relações interpessoais são um dos temas centrais nas suas vidas. Em muitos casos, infelizmente, são um tema central pela negativa. Há muito mais mulheres do que homens a passar mal com questões relacionais, em contexto profissional.
É também fascinante como, depois de devidamente trabalhado, este tema pode revelar todo o seu potencial positivo. O que antes era uma fragilidade converte-se num ponto forte das lideranças femininas. É ótimo que AESE abrace também este caminho!”
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