21/12/2017, Lisboa
O Executive Breakfast “It’s Good2be here” reuniu 5 expatriados dos 4 cantos do mundo para partilharem as suas experiências e ajudarem à reflexão sobre o “depois”.
Como representantes de diversas regiões e setores de atividade explicaram como viveram a expatriação do ponto de vista profissional e familiar, como geriram o seu network e o que pensam sobre a fase seguinte da carreira.
Levi Gonçalves, EMEA-LATAM Senior Project Manager, Roche Diagnostics na Suiça, e Raul Simão, Country Manager da Heineken, na Colombia, foram 2 dos 5 oradores, aos quais se juntaram, Ana Paula Carvalho, Essential Health Country Lead – Italy and Co-Chair of the European D&I Council, da Pfizer;
André Freire de Andrade, CEO Iberia & SSAfrica, da Dentsu Aegis Network; e Cristina Borges de Carvalho, até recentemente Group Marketing, Communications Branding Director, Dubai – UAE, Ghobash Group, e, atualmente, PR and Marketing Director, em Portugal, do Hotel Anantara, que responderam a algumas questões abaixo transcritas.
Quais as 3 ideas chave que destaca da sua experiência de expatriação?
Cristina Borges destacou o ganho de “mais mundo, i.e., a adaptação e a implementação de novas ideias e estratégias em Portugal”; uma “melhor preparação para lidar de forma eficaz com as equipais (procedente da experiência de lidar com temas, targets e equipas internacionais e transculturais”; e a “resiliência”.
Ana Paula Carvalho defende que a expatriação “transforma-nos enquanto pessoas, porque é extremamente enriquecedora.” Mencionou também a “resiliência”, por se desenvolverem “competências e capacidades que achamos que já temos, mas que são amplificadas” e alertou para o facto de “nunca subestimar o impacto cultural” do país de chegada, por mais parecenças que apresentem com o país de origem.
André Freire de Andrade encara o desafio de integração cultural muito significativo. “Mesmo em mercados culturalmente aparentemente parecidos como o Brasil, as diferenças são muitas e há que entendê-las e saber utilizá-las da melhor maneira. O impacto das decisões, os investimentos necessários e o próprio risco de falhar ganham dimensões muito maiores em grandes mercados e é necessário ajustar a essa realidade. Sobre o “desafio de ajuste familiar”, ganham-se “novos amigos, e novas rotinas”.
Os 3 foram unânimes na capacidade de adaptação dos filhos, ainda que como pais inicialmente tivessem temido pela questão da adaptação a uma nova realidade.
Quais pensa terem sido os fatores chave para o sucesso da experiência, em termos profissionais e pessoais?
André Freire de Andrade referiu que “o sucesso passa por entender bem os fatores críticos e geri-los da melhor forma. A integração é chave: falar e escrever na língua, ler a história e entender a politica e as dinâmicas sociais, dar importância ao que localmente é importante.” “Criar comunidade de amizades e relações locais e internacionais” é fundamental.
Ter Open mind, uma boa preparação, capacidade de abarçar a experiência e o apoio da Família foram variáveis incontornáveis para Cristina Borges Carvalho.
Ana Paula Carvalho reforçou como fator decisivo a sua família, sendo que “eu era a mais resistente à mudança e ia recusar o lugar em Itália. Foi o meu marido que me fez reconsiderar e dar outras perspetivas sobre o que seria melhor para a família.”Os filhos também a surpreenderam por mostrarem abertura face à transição.
Qual o próximo passo no seu percurso profissional?
“Já tive a possibilidade de vários próximos passos nestes 4,5 anos em Itália”, comentou Ana Paula Carvalho. “O próximo passo é sair de Itália e penso que 2018 vai ser um ano de mudança. Ou continuamos na Europa ou saímos. Existem muitos cenários e são todos bons.”
Cristina Borges de Carvalho vê-se a “aproveitar Portugal e o Algarve em particular. Neste momento, tenho o melhor de dois mundos, trabalho em Portugal e viajo imenso em trabalho, embora não descarte nova carreira ‘lá fora’, até por estar num sector e numa empresa de dimensão internacional.”
Em contrapartida, “Portugal é uma opção difícil” para André Freire de Andrade. “Europa ou América Latina são as opções naturais para a minha experiência, tanto geográfica como de indústrias.”
Uma carreira à escala do mundo
Eduarda Luna Pais, Fundadora da ELPing, diz serem “vários os casos conhecidos de Portugueses bem sucedidos em carreiras internacionais, que operam em partes distintas do globo. Estes profissionais apresentam um conjunto de características distintivas – tais como capacidade de adaptação, resiliência, adaptabilidade cultural e facilidade em estabelecer network – que certamente contribuem para o seu sucesso a curto e longo prazo num ramo especifico de atividade. Para além disso, manifestam geralmente uma vincada motivação para sair da “zona de conforto” e abraçar desafios, critérios que convergem para um percurso de sucesso em qualquer função, no país de origem ou além fronteiras.”
Cada caso é um caso e “cada um deverá fazer a sua própria reflexão e falar com outros Portugueses que tenham experiência de trabalho no país que estão a considerar.”
A par de Catarina Heleno, Career Management Center da AESE, Eduarda Luna Pais considerou ser pertinente juntar profissionais com carreira internacional num ciclo de eventos destinado a executivos de elevado potencial. “A ideia de reunir profissionais com carreira internacional num ciclo de eventos com tais características prende-se com a potencialidade que nos é apresentada em explorar a presença destes executivos em Portugal, proporcionando-lhes a partilha de experiências e de ensinamentos e criando momentos de valioso network com outros portugueses que se distinguem pelo seu percurso.”